quinta-feira, 21 de outubro de 2010

CULTURA E IDEOLOGIA

Salve!
Para a galera do 2º Ano do Altamiro. Alguns pontos que falamos em sala de aula. É um material colhido da internet. Só não tenho mais a fonte.


3º Ano do EM
Prof. Osnildo F. Kretzer
 
Cultura e sociedade

Conceito de cultura (extraído do Dicionário Aurélio Eletrônico Século XXI):
  • O conjunto de características humanas que não são inatas, e que se criam e se preservam ou aprimoram através da comunicação e cooperação entre indivíduos em sociedade.

Nas ciências humanas, opõe-se por vezes à idéia de natureza, ou de constituição biológica, e está associada a uma capacidade de simbolização considerada própria da vida coletiva e que é a base das interações sociais.

CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA: A DESNATURALIZAÇÃO DOS COSTUMES

Desde a Antigüidade, tem-se tentado explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou geográficas.
As características biológicas não são determinantes das diferenças culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França, ela crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores dos franceses.
Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra.
O ambiente físico também não explica a diversidade cultural. Por exemplo, os lapões e os esquimós vivem em ambientes muito semelhantes – os lapões habitam o norte da Europa e os esquimós o norte da América. Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida são bem diferentes. Os esquimós constroem os iglus amontoando blocos de gelo num formato de colméia e forram a casa por dentro com peles de animais. Com a ajuda do fogo, eles conseguem manter o interior da casa aquecido. Quando quer se mudar, o esquimó abandona a casa levando apenas suas coisas e constrói um novo iglu.
Os lapões vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam se mudar, eles têm que desmontar o acampamento, secar as peles e transportar tudo para o novo local.
Os lapões criam renas, enquanto os esquimós apenas caçam renas.
Outros exemplos são as tribos de índios que habitam uma mesma área florestal e têm modos de vida bem diferentes: algumas são amigáveis, enquanto outras são ferozes; algumas se alimentam de vegetais e sementes, outras caçam; têm rituais diferentes; etc.
O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo chamado endoculturação ou socialização. Pessoas de raças ou sexos diferentes têm comportamentos diferentes não em função de transmissão genética ou do ambiente em que vivem, mas por terem recebido uma educação diferenciada.
Assim, podemos concluir que é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os homens.
O homem age de acordo com os seus padrões culturais, ele é resultado do meio em que foi socializado.

ETNOCENTRISMO

Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade, etc.
Como uma espécie de pano de fundo da questão etnocêntrica temos a experiência de um choque cultural. De um lado, conhecemos um grupo do "eu", o "nosso" grupo, que come igual, veste igual, gosta de coisas parecidas, conhece problemas do mesmo tipo, acredita nos mesmos deuses, casa igual, mora no mesmo estilo, distribui o poder da mesma forma empresta à vida significados em comum e procede, por muitas maneiras, semelhantemente. Aí então de repente, nos deparamos com um "outro", o grupo do "diferente" que, às vezes, nem sequer faz coisas como as nossas ou quando as faz é de forma tal que não reconhecemos como possíveis. E, mais grave ainda, este outro também sobrevive à sua maneira, gosta dela, também está no mundo e, ainda que diferente, também existe.
Este choque gerador do etnocentrismo nasce, talvez, na constatação das diferenças. Grosso modo, um mal-entendido sociológico. A diferença é ameaçadora porque fere nossa própria identidade cultural.
Mas, existem idéias que se contrapõem ao etnocentrismo. Uma das mais importantes é a de relativização. Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição: estamos relativizando. Quando o significado de um ato é visto não na sua dimensão absoluta, mas no contexto em que acontece: estamos relativizando. Quando compreendemos o "outro" nos seus próprios valores e não nos nossos: estamos relativizando. Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Ver as coisas do mundo como a relação entre elas. Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores e inferiores ou em bem e mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferença.
CULTURA POPULAR E CULTURA ERUDITA

Ao analisar o Renascimento, movimento cultural surgido no norte da Itália nos séculos XIV e XV, percebemos que ele estava ligado a uma determinada parcela da população da Europa: a burguesia.
A burguesia era formada por comerciantes que tinham como objetivo principal o lucro, através do comércio de especiarias vindas do Oriente. Esse segmento da sociedade conquistou não apenas novos espaços sociais e econômicos, mas também procurou resgatar ou fazer renascer antigos conhecimentos da cultura greco-romana. Daí o nome Renascimento.
A burguesia não só assimilou esses conhecimentos como acrescentou outros, ampliando o seu universo cultural. Por exemplo, ao tentar reviver o teatro de Sófocles e Eurípides (que viveram na Grécia antiga), os poetas italianos do século XVI substituíram a simples declamação pela recitação cantada dos textos, acompanhada por instrumentos musicais. Dessa forma, acabaram por criar um novo gênero – a ópera.
Desde a sua origem, a burguesia preocupou-se com a transmissão de seus conhecimentos a seus pares. A partir daí foram surgindo instituições, como as universidades, as academias e as ordens profissionais (advogados, médicos, engenheiros e outros). Com o passar dos séculos e com o processo de escolarização, a cultura dessa elite burguesa tomou corpo, desenvolveu-se e requintou-se com a tecnologia.
Essa cultura erudita ou “superior”, também designada cultura de elite, foi se distanciando da cultura da maioria da população, pois era feita pela e para a burguesia.
A cultura popular, por sua vez, mais próxima do senso comum e mais identificada com ele, é produzida e consumida pela própria população, sem necessitar de técnicas racionalizadas e científicas. É uma cultura em geral transmitida oralmente, registrando as tradições e os costumes de um, determinado grupo social. Da mesma forma que a cultura erudita, a cultura popular alcança formas artísticas expressivas e significativas.

INDÚSTRIA CULTURAL*

A pesquisa social levada a efeito pela teoria critica, propõe-se como teoria da sociedade entendida como um todo; daí, a polemica constante contra as disciplinas setoriais.
 Denunciando a separação e a oposição do indivíduo em relação à sociedade como resultante histórica da divisão de classes, a teoria critica confirma a sua tendência para a critica dialética da economia política. O ponto de partida da teoria critica é a análise do sistema da economia de mercado: desemprego, crises econômicas, militarismo, terrorismo, a condição global das massas, não se baseia nas possibilidades técnicas reduzidas, como era possível no passado, mas em relações produtivas já não adequadas à situação atual.

 A industria cultural como sistema:
 O termo Industria Cultural, surgiu para substituir a expressão “cultura de massa” nas notas anteriores à edição definitiva da Dialética do Iluminismo. Desde o inicio a interpretação corrente é a de que se trate de uma cultura que nasce espontaneamente das próprias massas, de uma forma contemporânea de arte popular.
 A estratificação dos produtos culturais, segundo a sua qualidade estética ou o seu interesse, é perfeitamente adequada à lógica de todo o sistema produtivo.
 Este sistema condiciona, evidentemente, de forma total, o tipo e a função do processo de consumo e a sua qualidade, bem como a autonomia do consumidor. A máquina da Indústria Cultural, ao preferir a eficácia dos seus produtos, determina o consumo e exclui tudo o que é novo, tudo o que se configura como risco inútil.

 Os efeitos dos meios de comunicação de massa*:
A estrutura multiestratificada das mensagens reflete a estratégia da manipulação da Indústria Cultual. Tudo quanto ela comunica foi organizado pôr ela própria com o objetivo de seduzir os espectadores a vários níveis psicológicos, simultaneamente. Com efeito, a mensagem oculta pode ser mais importante do que a que se vê, já que aquela escapara ao controle da consciência, não será impedida pelas resistências psicológicas aos consumos e penetrara provavelmente no cérebro dos espectadores.
 A maioria dos espetáculos televisivos visa a produção ou, pelo menos, a reprodução de muita mediocridade, de inércia intelectual e de credulidade que parecem adequar-se aos credos totalitários, mesmo que a mensagem explicita e visível dos espetáculos possa ser antitotalitária.
 A manipulação do público – perseguida e conseguida pela Indústria Cultural entendida como forma de domínio das sociedades altamente desenvolvidas – passa assim para o meio televisivo, mediante efeitos que se põem em prática nos níveis latentes das mensagens. Através do material que observa, o observador é continuamente colocado, sem o saber, na situação de absorver ordens, indicações, proibições.



* O termo indústria cultural foi criado em 1947, por Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), membros de um grupo de filósofos conhecido como Escola de Frankfurt.
* Televisão, jornais, revistas, rádio, Internet, etc.

CULTURA (Resumo)

Salve!
Segue abaixo um resumo para a galera que está trabalhando cultura comigo.
Aproveitem... rsrsrsrsrsrs....



Alguns CONCEITOS e CONSIDERAÇÕES sobre CULTURA


1- O papel da EDUCAÇÃO na transmissão da cultura

O antropólogo Clyde Kluckhohn (1905-1960) observa em Antropologia - Um espelho para homem que cultura é "a vida total de um povo, a herança social que o indivíduo recebe de seu grupo, ou pode ser considerada a parte do am­biente que o próprio homem criou".
Por sua vez, Bronislaw Malinovski (1884­1942), outro antropólogo, ensina que a cultura compreende "artefatos, bens, processos técni­cos, idéias, hábitos e valores herdados".
A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de se~s antepassados. Por isso, a cultura é também chamada de herança social.
Nas sociedades em que não há escolas, a transmissão da cultura se dá por intermédio dá família ou da convivência com o grupo adulto. Nesse caso, diz-se que a educação é informal ou assistemática .
Quando há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais. Nesse caso, a educação é formal ou sistemática, isto é, obe­dece a uma organização previamente planejada.
Não há, portanto, um modelo único, uma forma exclusiva de educação. A carta dos indí­genas norte-americanos ao governo de Virgínia revela que a cultura de uma sociedade é trans­mitida das gerações adultas às gerações mais jovens por meio da educação. Educar, pois, é transmitir aos indivíduos os valores, os conhe­cimentos, as técnicas, o modo de viver, enfim, a cultura do grupo.

2- IDENTIDADE CULTURAL

Cada sociedade elabora sua própria cultura ao longo da história e recebe a influência de, outras culturas. Todas as sociedades, desde as mais simples até as mais complexas, têm sua própria cultura. Não há sociedade sem cultura.
Desde que nasce, um indivíduo é influen­ciado pelo meio social em que vive. Com exce­ção do recém-nascido e dos raros indivíduos que foram privados da possibilidade de con­vívio humano, não há pessoas desprovidas de cultura.
A cultura pode ser definida também como um estilo de vida próprio, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvol­vem e que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma cul­o tura apresentam o que se chama de identidade cultural. É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimen­to de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.
Por exemplo, as comunidades indígenas, são realidades culturais diferenciadas em rela­ção à sociedade dita "civilizada". Como tal, são capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que per­tencem a elas desenvolvem um forte sentimen­to de identidade cultural, como vimos na carta dos chefes indígenas ao governo de Virgínia.
 
3- ASPECTO MATERIAL E O NÃO-MATERIAL DA CULTURA

A cultura material consiste em todo tipo de utensílios produzidos em uma sociedade - fer­ramentas, instrumentos, máquinas, hábitos ali­mentares, habitação etc. - e interfere direta­mente em seu estilo de vida.
Por exemplo: um dos alimentos básicos no interior do Nordeste é a farinha de mandioca; muitos nordestinos preferem utilizar redes em vez de camas para dormir; também no inte­rior dessa região, as casas das classes bai­xas são muitas vezes construídas com barro socado entre hastes de madeira cruzadas (tai­pa.) e cobertura de palha. Forma-se, assim, um modo ou estilo de vida fundamentado na cultura material da região.          I
Já a cultura não-material abrange todos os aspectos morais e intelectuais da sociedade, tais como: normas sociais, religião, costumes, ideologia, ciências, artes, folclore etc.
Por exemplo, a maior parte da população brasileira segue a religião católica, não há pena de morte em nossa legislação e a miscigena­ção racial é muito forte, embora persistam ma­nifestações de preconceito e atitudes discrimi­natórias, principalmente contra os negros. Esses aspectos não-materiais de nossa cultura contras­tam com os que encontramos, por exemplo, nos Estados Unidos - uma sociedade de maio­ria protestante, na qual muitos estados empregam a pena de morte e onde a discriminação I racial era oficialmente permitida até a década de 1960, quando, após muita luta, criaram-se leis que impedem as práticas racistas.
Uma das manifestações da cultura não­ material de maior interesse para o antropólogo é o folclore.
Interdependência entre o material e o não-material da cultura

Existe uma interdependência estreita e constante entre cultura material e cultura não­material. Quando, por exemplo, assistimos à apresentação de uma orquestra, sabemos que as músicas executadas são produto da criati­vidade de um ou mais músicos. Entretanto, pa­ra comunicar sua criação aos outros, os artistas valem-se de instrumentos musicais. Da mesma forma que uma melodia requer instrumentos musicais para sua exteriorização, também as religiões, de modo geral, necessitam de tem­plos, altares e outros componentes materiais para que possam ser praticadas.
Na verdade, a interdependência entre es­ses dois aspectos é intrínseca a qualquer cul­tura, pois um grupo só pode realizar sua cultura não-material apoiado em meios concretos de expressão que fazem parte de sua cultura ma­terial (os instrumentos de uma orquestra, por exemplo ).

4- COMPONENTES DA CULTURA

A cultura é um todo orgânico, um sistema, um conjunto de partes que se relacionam es­treitamente. Para melhor compreender o que é uma cultura, vamos estudar alguns de seus componentes.
     Os principais aspectos de uma cultura são: os traços culturais, o complexo cultural, a área cultural o padrão cultural e a subcultura.

Traços culturais

Você já viu alguém dançando frevo? Trata-­se de um gênero musical típico de Pernambuco e do carnaval do Recife e de Olinda. Pois bem, cada passo do frevo é um traço cultural dessa manifestação de cultura popular que é o car­naval pernambucano (o mesmo se pode dizer do samba no Rio de Janeiro).
Traço cultural é o menor componente repre­sentativo de uma cultura. Ele pode ser um obje­to material - por exemplo, o cocar de penas usado por nossos índios. Neste caso, ele pró­prio é constituído de partes menores - as pe­nas usadas na confecção do cocar, por exem­plo, Entretanto, as penas de pássaro só passam a ser um traço cultural quando reunidas, em nosso exemplo, na forma de cocar.
Um carro, um lápis, uma capa, uma pulsei­ra, um computador são outros exemplos de tra­ços culturais. Os traços culturais são os com­ponentes mais simples da cultura. Eles ,são as unidades de uma cultura.
É necessário ressaltar que os traços cultu­rais só têm significado quando considerados dentro de uma cultura específica. Um colar po­de ser um simples adorno para determinado grupo e para outro ter um significado mágico ou religioso.
Para os fiéis de religiões afro-brasileiras co­mo o candomblé, por exemplo, as cores dos colares usados dependem da divindade cultua­da pela pessoa. De acordo com a crença, eles dão proteção a quem os utiliza. Portanto, só quando consideramos o conjunto da cultura é que podemos entender um determinado traço cultura,l. No exemplo do frevo de Pernambuco, determinado passo só pode ser entendido co­mo traço cultural quando integrado ao todo or­gânico daquela cultura.

Complexo cultural
                                                                     
A combinação dos traços culturais em tor­no de uma atividade básica forma um comple­xo cultural.
Por exemplo, o carnaval no Brasil é um com­plexo cultural que reúne um grupo de traços culturais relacionados uns com os outros: car­ros alegóricos, música, dança, instrumentos musicais, trios elétricos, desfiles, orquestras de frevo, baterias de escolas de samba, fantasias etc. Da mesma forma, o futebol é um complexo cultural que pode ser desmembrado em vários traços culturais: o campo, a bola, o juiz, os jo­gadores, a torcida, as regras do jogo etc. .

Área cultural

A região em que predominam determinados complexos culturais forma uma área cultural. Esta é, portanto, o espaço geográfico no qual se manifesta certa cultura. Assim, os grupos humanos localizados em determinada área cul­tural apresentam grandes semelhanças quanto aos traços e complexos culturais.
Quando diversas culturas, de diferentes ori­gens, se encontram em uma mesma área cul­tural, e entre elas se desenvolve uma relação de I simbiose e respeito mútuo, temos uma situa­ção multicultural.
No Brasil não temos ainda uma situação multicultural. Existem, sim, miscigenação racial e sincretismo cultural, mas ainda não se pode falar em multiculturalismo, pois convivemos com manifestações de racismo, preconceito e discriminação, como vimos no capítulo 2. Ape­sar disso, é inegável que a miscigenação deu origem no Brasil a uma fusão de culturas .
5- PADRÃO CULTURAL

Padrão cultural é um conjunto de normas que rege o comportamento dos indivíduos de de­terminada cultura ou sociedade. Em outras pa­lavras: quando os membros de uma sociedade agem de uma mesma forma, estão expressando os padrões culturais do grupo. Por exemplo, o casamento monogâmico é um dos padrões culturais da sociedade brasileira.

6- SUBCULTURA

  No interior de uma cultura podem aparecer diferenças significativas, caracterizando a exis­tência de uma subcultura. Assim, por exemplo, há comunidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais certos costumes e va­lores se diferenciam claramente dos praticados em outras regiões do país. Em algumas dessas comunidades, as pessoas se comunicam não só em português, mas também em idiomas eu­ropeus, como o alemão.
Isso acontece devido à presença nessas áreas de imigrantes de origem européia - prin­cipalmente italianos e alemães - que ali se ins­talaram no final do século XIX e que, por seu isolamento, mantiveram traços culturais dos países de origem: hábitos alimentares, festas típicas e, em alguns casos, até o idioma mater­no. Temos, assim, uma subcultura regional no quadro mais amplo da cultura brasileira.
A ocorrência de subculturas não se limita a di­ferenças regionais. Também pode se verificar na relação entre gerações. Às vezes, por exemplo,os jovens criam costumes e modos de vida ra­dicalmente distintos da norma adulta. Por isso, alguns autores falam da existência de uma sub­cultura juvenil.
Exemplo de subcultura juvenil são as cha­madas tribos urbanas: punks, góticos, skinheads etc. Cada membro de uma tribo se identifica pelos símbolos comuns, como o vestuário e o linguajar peculiares que caracterizam o espírito do grupo.

7- O CRESCIMENTO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

Cada geração passa por processos de aprendizagem, nos quais assimila a cultura de seu tempo e se torna apta a enriquecer o patri­mônio cultural das gerações futuras. É na ca­pacidade que os grupos têm de perpetuar e  acrescentar novos valores à cultura que reside a possibilidade de progresso.
Em geral, o enriquecimento patrimonial de uma cultura se faz por meio de dois processos: a invenção e a difusão. Depois de estudá-Ios, vamos ver como o desequilíbrio entre os diferentes aspectos da cultura gera o processo conhecido como retardamento cultural.

Invenção e difusão cultural
Em meados do século XIX, o uso do motor a vapor para mover um veículo correndo sobre trilhos criou um meio de transporte que teria im­portância decisiva no mundo moderno: o trem. Impacto maior ainda foi provocado no fim da­quele século pela invenção do automóvel, que era pouco mais que uma carruagem impulsio­nada por um motor a explosão.
Como veremos no capítulo 10, as invenções são geradas pela combinação entre o patrimô­nio cultural da sociedade e determinadas ne­cessidades sociais. Nenhum inventor parte da estaca zero. Em seu trabalho de criação, ele utiliza o conhecimento acumulado de sua cul­tura, combinando elementos preexistentes para produzir algo novo.
Assim, invenção é a combinação de traços já existentes, dando como resultado um traço cul­tural novo. Muitas vezes, como no caso do trem e do automóvel, as invenções acarretam mu­danças amplas e profundas em toda a cultura.
Alguns traços culturais, como uma nova mo­da ou o uso de um equipamento recentemente inventado, difundem-se não só na sociedade em que tiveram origem, mas também entre cul­turas diferentes, geralmente através dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, ci­nema, rádio, Internet etc.).
Quando isso ocorre, dizemos que está ha­vendo um processo de difusão cultural. Pode-se afirmar que o enriquecimento cultural se verifica mais freqüentemente por difusão do que por in­venção (voltaremos a tratar das invenções e da difusão cultural no capítulo 10 deste volume).
Geralmente, o patrimônio de uma cultura cresce de geração em geração. As culturas se desenvolvem incorporando traços culturais em maior número do que aqueles que caem em desuso.
Assim, a cultura é o somatório de todas as realizações das gerações passadas que se su­ cederam no tempo, mais as realizações da gera­ção presente.

8- RETARDAMENTO CULTURAL

As mudanças dos diversos componentes da cultura não acontecem no mesmo ritmo: alguns se transformam mais rapidamente do que ou­tros. As invenções, por exemplo, acarretam mu­danças mais aceleradas na cultura material do que na cultura não-material: os instrumentos, as máquinas e as técnicas mudam mais rapida­mente do que a religião, os padrões familiares e a educação.
Essa diferença de ritmo provoca descom­passos entre os diversos componentes da cul­tura. A introdução da pílula anticoncepcional na década de 1960, por exemplo, encontrou gran­de resistência por parte de setores religiosos, enquanto milhões de mulheres em todo o mun­do já se beneficiavam com a invenção.
     Toda vez que há um desequilíbrio entre os diferentes aspectos da cultura, pode-se falar de retardamento ou demora cultural.

9- ACULTURAÇÃO: CONTATO E MUDANÇA CULTURAL

Durante a colonização do Brasil, houve in­tenso contato entre a cultura do conquistador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos.
Em decorrência desse contato, ocorreram modificações tanto na cultura dos europeus re­cém-chegados - que assimilaram muitos tra­ços culturais dos outros povos - quanto na dos indígenas e africanos, que foram dominados e perderam muitas de suas características.
Desse processo de contato e mudança cul­tural - conhecido como aculturação - resultou a cultura brasileira.
Quando seres humanos de grupos diferen­tes entram em contato direto e contínuo, geral­ mente ocorrem mudanças culturais nos gru­pos, pois verifica-se a transmissão de traços culturais de uma sociedade para outra. Alguns traços são rejeitados; outros são aceitos e in­corporados, quase sempre com mudanças sig­nificativas, à cultura resultante.

10- MARGINALIDADE CULTURAL

Na cidade paulista de Tupã - na reserva dos índios Caingangue - vivem, em trezentos alqueires, duzentos indígenas descaracteriza­dos culturalmente. Eles são atendidos por um grupo de funcionários da Funai (Fundação Na­cional do índio); desconhecem totalmente seu passado, não conseguem mais se expressar em sua própria língua, não se lembram mais de seus cantos, de suas danças e de suas antigas prá­ticas de caçadores e pescadores. Também não estão incorporados à cultura da civilização que os cerca. São mansos e tristes.
Quando duas culturas entram em contato, podem ocorrer - além da aculturação - conflitos emocionais nos indivíduos que pertencem a ambas as culturas.
Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura diferente da sua. Aqueles que não conseguem se integrar totalmente a nenhuma das culturas que os rodeia ficam à margem da sociedade. A esse fenômeno dá-se o nome de marginali­dade cultural.

 11- CONTRACULTURA

Nas sociedades contemporâneas encon­tramos pessoas que contestam certos valores culturais vigentes, opondo-se radicalmente a eles, num movimento chamado de contracultura.
Na década de 1950, os Estados Unidos co­nheceram a beat generation (geração beat), que contestava o otimismo consumista do pós-guer­ra norte-americano, a ingenuidade que os filmes de Hollywood apregoavam, o anticomunismo ge­neralizado e a falta de um pensamento crítico.
Inspirados nos existencialistas franceses, os beatniks vestiam-se de preto e recusavam-se a participar do sistema. Seus principais represen­tantes foram o escritor Jack Kerouak e o poeta Allen Ginsberg, entre vários outros artistas e in­telectuais.
Na década de 1960, surgiu o movimento hippie. Como a beat generation, foi um fenôme­no de contracultura, porque se opunha radical­mente aos valores culturais considerados im­portantes na sociedade ocidental: o trabalho, o patriotismo, a acumulação de riquezas e a as­censão social.
Também era contrário à Guerra do Vietnã (1959-1975), à estrutura familiar convencional, à sociedade de consumo e aos hábitos alimen­tares baseados em comida industrializada e fast food (refeição rápida) - traços culturais típi­cos da sociedade norte-americana.
 Muitos jovens dessa época deixaram casa e universidade para viver em comunidades no campo, todos plantavam e produziam a própria comida e educavam seus filhos com base em valores mais humanizados.
A maioria deles era vegetariana e muitos abraçaram religiões orientais, como o zen-bu­dismo e o hinduísmo. Seu principal lema era: "faça amor, não faça guerra".
O movimento hippie, que ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos, foi perdendo o vigor, até desaparecer por completo, às véspe­ras da década de 1980, quando o individualismo e o consumismo voltaram, com toda a força, a ocupar corações e mentes da nova geração.
Leia, na seqüência, como se deu a come­moração dos 25 anos do Festival de Woodstock (1969), um marco da contracultura e do movi­mento hippie nos Estados Unidos.