domingo, 27 de março de 2016

Textos de apoio para as atividades - MUDANÇA SOCIAL (Nelson Tomazi)


Modernização, desenvolvimento e dependência
Progresso e desenvolvimento talvez sejam as palavras que melhor expressam, em nosso cotidiano, uma possível mudança social. Já vimos como pensavam os autores clássicos sobre este tema. Vamos examinar a seguir como a questão foi colocada a partir de meados do século XX.
Características e diferenças das sociedades
Tradicional
Moderna
Particularismo
Universalismo
Orientação para a atribuição
Orientação para a realização
Difusão funcional
Especificidade funcional
Pouca motivação para o desempenho
Muita motivação para o desempenho
Nenhuma abertura à experiência
Grande abertura à experiência
Hierarquia profissional
Especialização profissional
Pouca imaginação criadora
Muita imaginação criadora
Pequena mobilidade social
Grande mobilidade social
Resistência às mudanças
Abertura às mudanças
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) passou-se a perceber que as desigualdades entre as sociedades do mundo eram gritantes, e algumas grandes vertentes teóricas se propuseram analisar esse fenômeno, isto é, tentaram expli­car por que algumas sociedades eram desenvolvidas e outras, subdesenvolvidas. É sobre essas teorias que vamos refletir um pouco.
Teorias da modernização. A visão evolucionista da história ganhou novo alento com as teorias da modernização, de acordo com as quais as mudanças movem as sociedades de um estágio inicial (tradicional) para um estágio superior (mo­derno), numa escala de aperfeiçoamento contínuo.
As teorias da modernização utilizam os padrões de análise de Émile Durkheim e de Max Weber, mas com nova roupagem. De acordo com essas teorias, as so­ciedades são tradicionais ou modernas conforme as características que adotam. Como desenvolveram determinadas atitudes e comportamentos e não outros, são responsáveis pela própria situação. Para se transformar, passando do estágio atual para o superior, uma sociedade tradicional precisa deixar suas características para incorporar as modernas.
Essas teorias tomam como padrões de sociedades modernas as norte-ameri­canas - do Canadá e dos Estados Unidos - e as européias ocidentais - prin­cipalmente a da França, a da Inglaterra e a da Alemanha. De acordo com tais teorias, as sociedades tradicionais (atrasadas e subdesenvolvidas) devem seguir o exemplo e os mesmos passos históricos das sociedades modernas (industria­lizadas e desenvolvidas).
Vários sociólogos dos Estados Unidos, como Talcott Parsons, David Mc­Clelland c Daniel Lerner, e também o argentino Gino Germani, entre outros, utilizaram esquemas muito parecidos para caracterizar cada tipo de sociedade.
A mudança social ocorreria quando os indivíduos e os grupos – isto é, as sociedades – deixassem as características tradicionais e passassem a internalizar as modernas. Assim, desde' que os valores tradicio­nais fossem superados, ocorreria a evolução social modernizante. De acordo com as críticas mais gerais, essas teo­rias são etnocêntricas, pois a maioria das nações do mundo não seguiu as mesmas trajetórias históricas que as sociedades ocidentais. Ademais, tais teorias definem a trajetória de todas as sociedades como se fosse linear, ou seja, presumem que as sociedades modernas de hoje foram um dia tradicionais e se mo­dernizaram porque mudaram sua mentalidade e sua maneira de ver o mundo. A ênfase é posta na cultura e na visão de mundo das pessoas e dos grupos sociais, os quais, para mudar, precisariam seguir a mesma trajetória que as atuais sociedades modernas. Além dessas críticas, outras estão contidas nas teorias que vamos analisar em seguida.

Teorias do subdesenvolvimento e da dependência
Após fazer uma análise crítica das teorias da modernização, vários autores, na década de 1960, procuraram explicar a questão da diferença entre os países por um outro ângulo, focalizando a história diferencial de cada sociedade e as relações econômicas e políticas entre os países. A pergunta que se fazia era a mesma proposta pelas teorias anteriores: por que os países da América Latina eram subdesenvolvidos e os da Europa e os Estados Unidos eram desenvolvidos? As respostas, porém, mudaram.
Esses autores partiram de uma visão que foi desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com os estudos da Cepa!, do ponto de vista econômico, nas relações entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos havia uma troca desigual e uma deterioração dos termos de intercâmbio. Historicamente, isso se explicava por uma divisão internacional do trabalho, em que cabia aos países periféricos (dominados) vender aos países centrais (dominantes) produtos primários (agrí­colas, basicamente) e matérias-primas (sobretudo minérios) e comprar produtos industrializados. Ao longo dos anos, foi necessário que os países periféricos vendessem mais matérias-primas e agrícolas para pagar a mesma quantidade de produtos industrializados, ou seja, trabalhavam mais e vendiam mais para receber o mesmo e assim enriquecer aqueles que já eram ricos.
Os países centrais e os periféricos tinham um passado diferente. Os países europeus foram as metrópoles no período colonial, ao passo que os da América Latina foram as colônias e, depois da independência, passaram a ser dominados economicamente pela Europa e pelos Estados Unidos. Isso prejudicou a emer­gência de forças livres para o desenvolvimento autônomo dos países periféricos.
Andrew Gunder Frank, sociólogo alemão, afirmava que na América Latina havia apenas o desenvolvimento do subdesenvolvimento, pois os países centrais, além de explorar economicamente os periféricos, dominavam-nos politica­mente, impedindo qualquer possibilidade de desenvolvimento autônomo. E essa relação desde o período colonial explicava por que alguns tinham se de­senvolvido e outros não.
Um segundo grupo de sociólogos, do qual participaram o brasileiro Fer­nando Henrique Cardoso e o chileno Enzo Falletto, propôs uma explicação um pouco mais detalhada dessa relação. De acordo com sua análise, após a primeira fase de exploração, que durou até o fim da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um novo movimento que aprofundou a dependência dos países da América Latina. Esta continuou produzindo os mesmos bens primários para exportação, mas a partir da década de 1960 houve uma mudança, principal­mente no Brasil, na Argentina, no Chile e no México: a internacionalização da produção industrial dos países periféricos. Como isso ocorreu?
A industrialização dependente configurou-se mediante a aliança entre os empresários estrangei­ros e nacionais e o Estado nacional. Os produtos industriais que antes vinham dos países desen­volvidos começaram a ser fabricados nos países subdesenvolvidos, porque era mais barato. Além disso, com a produção local, evitava-se o gasto com o transporte. Mas o fundamental era que as matérias-primas estavam próximas, a força de tra­balho era mais barata e o Estado dava incentivos fiscais (deixava de cobrar impostos) e construía toda a infra-estrutura necessária para que essas indústrias se instalassem e funcionassem. Em alguns países onde havia essas condições, as grandes indústrias estran­geiras se instalaram e geraram um processo de industrialização dependente, principalmente, da tecnologia que traziam. Com isso, além de manter a explo­ração anterior, os países centrais exploravam diretamente a força de trabalho das nações subdesenvolvidas.
Essas teorias procuravam explicar a existência das diferenças entre os países, as possibilidades de mudança de uma situação a outra e as condições possíveis para que isso acontecesse no sistema capitalista, sem necessariamente questio­ná-lo.


BRASIL - Mudanças nos últimos anos
Como vimos até aqui, muitas coisas mudaram no Brasil e muitas outras foram conservadas ou não mudaram de modo significativo. Podemos observar que em alguns lugares o modo de vida assemelha-se ao das sociedades indus­trializadas de qualquer parte do mundo. Em outros lugares, principalmente nas áreas rurais, vive-se uma realidade de extrema pobreza. Nas grandes cidades as duas situações convivem. Há no mesmo lugar extrema riqueza e extrema pobreza: gente que mora em condomínios fechados luxuosos e gente que vive embaixo de viadutos.
Politicamente, pode-se dizer que as regras do jogo democrático estão con­solidadas, isto é, as eleições são realizadas regularmente e os eleitos são empossados e terminam os mandatos (desde que não sejam julgados e tenham os mandatos extintos, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor e vários parlamentares). No entanto, persistem ainda velhas práticas, como o clientelismo, o "favor", as decisões judiciais parciais e os conchavos políticos, o que demonstra que o país não mudou tanto.
Economicamente, nos últimos 20 anos, houve uma alteração substancial por causa da ampliação da inserção do Brasil no mundo. Foram necessárias mudanças internas para que o país pudesse se adequar ao novo padrão internacional de relações políticas e econômicas. O processo produtivo industrial foi modificado com a entrada de novas indústrias e a modernização tecnológica, principalmente via automação. Criou-se uma nova maneira de produzir muito com menos trabalhadores. Isso conduziu a uma situação estranha, pois o desenvolvimento não implica aumento de vagas de trabalho.
 Houve também uma mudança no consumo e nas relações entre os in­divíduos. Para indicarmos apenas uma situação, a utilização dos telefones celulares ocasionou mudanças comportamentais que impressionam - por exemplo, na relação entre os trabalhadores autônomos e seus clientes; nas relações sentimentais, que incluem constantes conversas, mas também vigi­lância; nas relações trabalhistas, pois o empregado pode ser alcançado em qualquer lugar e hora; na própria sociabilidade, pois as pessoas não conse­guem mais viver sem estar conectadas; nas formas de consumo, dada a rápida obsolescência dos aparelhos.
Isso significa que a chamada globalização nos atingiu em cheio. E, como diz Francisco de Oliveira, sociólogo brasileiro, os meninos nas ruas vendendo balas, doces e quinquilharias não são o exemplo do atraso do país, mas a forma terrível como a modernização aqui se implantou.

Um comentário:

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