segunda-feira, 11 de abril de 2016

1º ANO - CONCEITOS BÁSICOS (PARTE III)

Processos sociais


São diversas maneiras pelas quais indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma pela qual indivíduos estabelecem relações sociais.
Os alunos de uma escola resolvem fazer uma limpeza geral no salão de festas para o baile de formatura. Organizam-se, um ajuda o outro e logo o trabalho está acabado. Esse resultado foi possível porque houve cooperação. A cooperação é um tipo de processo social.

Qualquer mudança proveniente dos contatos sociais e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui, portanto, um processo social.A palavra processo designa a contínua mudança de alguma coisa numa direção definida. Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma pela qual os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.

Tipos de processo social

No grupo social ou na sociedade como um todo, os indivíduos e os grupos se reúnem e se separam, associam-se e dissociam-se. Assim, os processos sociais podem ser associativos e dissociativos.
Os processos associativos estabelecem formas de cooperação, convivência e consenso no grupo. Já os dissociativos estão relacionados a formas de divergência, oposição e conflito, que podem se manifestar de modos diferentes.
Os principais processos sociais associativos são cooperaçãoacomodação e assimilação.
Os principais processos sociais dissociativos são competição e conflito.

Cooperação
A cooperação é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim.
São exemplos de cooperação: a reunião de vizinhos para limpar a rua, ou de pessoas para fazer uma festa; mutirões de moradores para construir conjuntos habitacionais; sociedades cooperativas etc.
A cooperação pode ser direta ou indireta.
Cooperação direta. Compreende as atitudes que as pessoas realizam juntas, como é caso dos mutirões.
Cooperação indireta. É aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indiretamente umas das outras, por não serem autossuficientes. Tomemos o exemplo de um médico e de um lavrador: o médico não pode viver sem o alimento produzido pelo lavrador, e este necessita de cuidados médicos quando fica doente.

Competição
“No uso recente, competição é a forma de interação que implica luta por objetivos escassos; essa interação é regulada por normas, pode ser direta ou indireta, pessoal ou impessoal, e tende a excluir o uso da força e da violência” (Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1987. p. 218).
A competição pode levar indivíduos a agir uns contra os outros em busca de uma melhor situação. Ela nasce dos mais variados desejos humanos, como ocupar uma posição social mais elevada, ter maior importância no grupo social, conquistar riqueza e poder, vencer um torneio esportivo etc.
Ora, nem todos pode obter os melhores lugares nas esferas sociais, pois os postos mais importantes são em número muito menor que seus pretendentes, isto é, são escassos. Assim, os que pretendem alcançá-los entram em competição com os demais concorrentes. Nessa disputa, as atenções de cada competidor estão voltadas para a recompensa e não para os outros concorrentes. Para entender melhor o conceito de competição, leia o texto “Emprego: a luta por um lugar ao Sol“.
Se você leu o texto sugerido acima, percebeu que há dois casos de competição: a que existe entre países que disputam uma fatia do mercado mundial (“concorrência estrangeira”) e a disputa entre desempregados por postos de trabalho (neste caso, na proporção de mil para um).
O lojista que procura conquistar os fregueses de outro comerciante e os estudantes que lutam por uma vaga no vestibular estão igualmente envolvidos numa relação de competição, da mesma forma que atletas em um torneio esportivo.
Há sociedades que estimulam mais a competição que outras. Entre as tribos indígenas, por exemplo, as relações não são tão acentuadas competitivas como na sociedade capitalista. Esta última estimula os indivíduos a competirem em todas as suas atividades – na escola, no trabalho e até no lazer -, exacerbando o individualismo em prejuízo da cooperação.

Conflito
Quando a competição assume características de elevada tensão social, sobrevém o conflito.
Diariamente, vemos e ouvimos no noticiário dos jornais, do rádio, da televisão e da internet relatos de conflitos em diversas partes do mundo: combates na Colômbia entre tropas do governo e guerrilheiros ou narcotraficantes; ocupações de fazendas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra(MST), no interior do Brasil, às vezes seguidas (ou precedidas) de assassinatos de líderes sindicais a mando de grandes fazendeiros (leia o texto “A luta pela terra no Brasil“); motins e fugas de menores da antiga Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem), atual Fundação CASA/SP, em São Paulo, conflitos entre israelenses e palestinos no Oriente Médio.
O conflito social é um processo social, pois provoca mudanças na sociedade. Tomemos o exemplo dos negros norte-americanos. Depois de violentos choques com a política durante os anos 1960, eles conseguiram ver reconhecidos seus direitos civis. Passados mais de trinta anos, embora certas formas de racismo e discriminação ainda persistam nos Estados Unidos, o negro integrou-se, pelo menos em parte, à sociedade norte-americana.
Assim, diversos negros ocupam hoje posição de destaque até mesmo no governo dos Estados Unidos, o que antes era impensável. É o caso, por exemplo, de Colin Powell, que foi secretário de Estado no governo George W. Bush, além do caso mais recente e que quebrou diversos paradigmas, com a eleição de Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos.
Já no Brasil, o preconceito racial nunca foi tão ostensivo quanto nos Estados Unidos. Além disso, sempre foram comuns aqui as uniões inter-raciais, e a miscigenação da população é um fato que não se pode negar (ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos). Por essa razão, há quem afirme que no Brasil temos uma “democracia racial”.
No texto, “Onde estão os negros?“, você verá que não é bem assim. Apesar de a legislação brasileira proibir quaisquer manifestações de preconceito e discriminação racial, as desigualdades sociais entre brancos e negros ainda estão longe de terem sido superadas. Elas indicam também alguma forma de racismo.

COMPETIÇÃO E CONFLITO
Comparando a competição e o conflito, podemos destacar as seguintes características:
•                a competição pode tomar a forma de luta pela existência, como a que se estabelece entre indivíduos para obtenção de alimento ou emprego, por exemplo;
•                o conflito pode tomar a forma de rivalidade, disputa, revolta, revolução, litígio e guerra. O conflito é bem evidente na luta entre seitas religiosas intolerantes, ou entre patrões e empregados em determinadas situações (greves, por exemplo), nas disputas pela posse da terra, ou ainda na guerra entre nações;
•                a competição pode se transformar em conflito. Vejamos um exemplo. Quando numa escola os alunos lutam para passar de ano, eles não consideram seus companheiros de classe como adversários, pois sua atenção está dirigida para a obtenção de boas notas. Alguns estudantes, porém, podem passar a encarar seus colegas como rivais, quando não desejam apenas passar de ano, mas superá-los. Um estudante que pretende passar em primeiro lugar pode entrar em conflito com colegas que tenham a mesma pretensão.
•                a competição pode ser consciente ou inconsciente; o conflito é sempre consciente, ou seja, os adversários sabem que estão em conflito;
•                o conflito pode implicar violência ou ameaça de violência; já a competição não envolve violência;
•                enquanto a competição é contínua, o conflito não pode durar permanentemente com o mesmo nível de tensão;
•                no conflito, o primeiro impulso dos oponentes é tentar agredir e destruir o adversário. Pessoas ou grupos em conflitos podem canalizar sua tensão tanto para a guerra como para a criminalidade, ou ainda reduzi-la a um processo de acomodação.

Terrorismo
O conflito pode levar ainda a outra forma extrema de violência: o terrorismo, resultado na maioria das vezes do extremismo político ou religioso (neste caso, chamado de fundamentalismo). Enquanto todas as formas de conflito, inclusive as guerras, levam a uma solução, seja pelos processos de acomodação, seja pela assimilação, o mesmo não ocorre com o terrorismo. Incapaz de impor-se pela ação política ou pela força das ideias, ele procura destruir o adversário sem medir as consequências.
Durante certo tempo, cientistas sociais consideraram o terrorismo uma característica de sociedades retrógradas. Alguns chegaram a supor que o processo de modernização das sociedades iria, cedo ou tarde, pôr um fim aos atentados, mesmo que em um ou outro lugar pudessem ocorrer atos isolados.
Os acontecimentos mais recentes, contudo, não comprovam essa teoria O sacrifício de pessoas em nome de uma causa entre, dessa maneira, na era da globalização.
O atentado de 11 de setembro de 2001 – quando foram destruídas as torres gêmeas do World Trade Center de Nova York, nos Estados Unidos – mostra que nenhum país está imune a esse perigo. Ele pode atingir igualmente militares e civis inocentes; pode ocorrer na Nigéria, na Arábia Saudita, na Inglaterra, nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo.
O terrorismo encontra adeptos entre pessoas e grupos que se sentem excluídos num mundo que está se globalizando rapidamente. Alguns deles temem perder suas culturas e tradições religiosas, como ocorre com os fundamentalistas muçulmanos. Outros se desesperam porque estão impedidos de ter sua própria pátria – ou seja, seus Estados nacionais e soberanos. Este é o caso dos curdos, na Turquia e no Iraque, e dos palestinos no Oriente Médio. Em sua ação devastadora, provocam uma reação igualmente perversa: o terrorismo de Estado.

Acomodação
Nem todo conflito termina com a extinção do oponente derrotado. Em alguns casos, este pode aceitar as condições impostas pelo vencedor para fugir à ameaça de destruição. Ocorre, assim, um processo de acomodação, pois o vencido aceita as condições do vencedor e adota uma posição de subordinação.
A escravização dos povos vencidos, comum na Antiguidade, é um caso típico de acomodação. Quando alguém cumpre uma lei ou segue um costume com os quais não concorda, só para evitar sanções ou divergências, também se enquadra num processo associativo de acomodação. Da mesma forma, um estrangeiro pode não apreciar o modo de vida do país que reside, mas acaba por aceitá-lo para evitar constrangimentos.
Normalmente, muitos imigrantes entram num processo de acomodação quando chegam a outro país: deixam de lado sua língua e seus costumes, adaptam-se à nova vida, procurando se prevenir contra possíveis conflitos.
Desse modo, a acomodação é o processo social pelo qual o indivíduo ou o grupo se ajusta a um situação de conflito, sem que ocorram transformações internas. Trata-se, portanto, de uma solução superficial de conflito, pois este continua latente, isto é, pode voltar a se manifestar. Isso ocorre porque nos processos acomodação continuam prevalecendo os mesmos sentimentos, valores e atitudes internas que separam os grupos. As mudanças são apenas exteriores e manifestam-se somente enquanto comportamento social.
Os escravos, por exemplo, nunca aceitaram a situação de servidão que lhes era imposta. Apenas se acomodavam à dominação, mas sempre que podiam se revelavam. Revoltas de escravos aconteceram em diversas épocas da História. A mais famosa delas ocorreu na península Itálica entre 73 e 71 a.C., quando cerca de 120 mil escravos se reuniram sob a liderança de Espártaco e formaram um exército que chegou a ameaçar o poderio de Roma.
A acomodação é, assim, o ajustamento de indivíduos ou grupos apenas nos aspectos externos de seu comportamento. Ela atenua o conflito. Mas este só desaparece com a assimilação.

Assimilação
A assimilação é a solução definitiva e mais ou menos pacífica do conflito social. Trata-se de um processo de ajustamento pelo qual os indivíduos ou grupos antagônicos tornam-se semelhantes. Difere da acomodação porque implica transformações internas nos indivíduos ou grupos, sendo estas geralmente inconscientes e involuntárias. Tais modificações internas envolvem mudanças na maneira de pensar, de sentir e de agir.
A assimilação se dá por mecanismos de imitação, exigindo um certo tempo para se completar. É um processo longo e complexo.
O exemplo típico de assimilação é o do imigrante. Ele, que a princípio se acomodou no novo país, vai aos poucos, sem perceber, deixando-se envolver pelos costumes, símbolos, tradições e língua da nova pátria.
No Brasil, tivemos vários casos de assimilação, entre os quais o dos alemães em Santa Catarina e o dos italianos em São Paulo. No início, esses imigrantes falavam sua própria língua e conservavam seus valores e costumes. Ao preservar essas características, cada grupo se constituía em uma espécie de corpo estranho na sociedade brasileira.
Apenas quando as características marcantes da cultura de origem se atenuaram ou se desfizeram – sendo substituídas pelos hábitos e costumes locais – os imigrantes puderam ser assimilados pela nossasociedade. Com o tempo, eles se desfizeram de sua identidade cultural e passaram a observar os sentimentos e valores da nova cultura, tornando-se parte integrante da sociedade adotada.


Concluindo, o aspecto importante da assimilação é que ela implica uma transformação da personalidade. O processo de assimilação atinge áreas profundas e extensas da personalidade, determinando novas formas de pensar, sentir e agir.

1º ANO - CONCEITOS BÁSICOS (PARTE II)


O isolamento social e seus tipos 

(FONTE: http://www.buscaescolar.com/sociologia/o-isolamento-social-e-seus-tipos/) 

No texto, o sociólogo Karl Mannhein analisa o fenômeno do isolamento social e os seus tipos. 
  • Nascido em Budapeste, na Hungria, o sociólogo Karl Mannheim (1893-1947) viveu em um dos períodos mais conturbados da História, tendo dedicado boa parte de sua vida à elaboração da Sociologia do Conhecimento. No texto a seguir, ele analisa o fenômeno do isolamento social. 

O isolamento é uma situação marginal na vida social. É uma situação que carece de contatos sociais. As formas mais simples de isolamento são criadas por barreiras naturais como as montanhas, os mares interiores, os oceanos ou os desertos. Tanto grupos como indivíduos podem ser isolados e, em ambos os casos, as consequências principais do isolamento são a individualização e o retardamento.


Tanto os indivíduos quanto os grupos, quando excluídos do contato com outros indivíduos ou grupos, tendem a tornar-se indivíduos ou comunidades que se desviam das outras. Isso significa que percorrem seu próprio caminho; ajustam-se somente às suas condições particulares, sem trocar influências e impressões com outros indivíduos ou grupos.

Como consequência da falta de contato com outros, o indivíduo ou grupo desconhece a evolução das outras pessoas ou unidades sociais. Dessa maneira, emerge um fenômeno a que chamamos evolução desproporcional. O isolamento e a distância aumentam as diferenças originais e as individualizam. Pode-se observar como isso acontece em comunidades rurais que são isoladas por montanhas ou pântanos, como também em indivíduos que se afastam dos outros e se excluem. Tanto as primeiras como os últimos se tornam “peculiares”.


Tipos de isolamento social

Distinguimos dois tipos principais de isolamento: isolamento espacial (de ordem social) e isolamento orgânico (de ordem individual). 

O isolamento espacial pode ser externo, isto é, uma privação forçada de contatos, como acontece quando alguém é expulso da sua comunidade ou encarcerado. 

O comportamento anti-social e algumas vezes o desejo de vingança são uma consequência mental típica do confinamento solitário, que é uma forma extrema de exclusão forçada. No início do século XIX, muitas pessoas bem-intencionadas, influenciadas por concepções morais e religiosas tradicionais, acreditavam que o isolamento e a solidão fortaleceriam o caráter dos fiéis e facilitariam sua conversão.

Entretanto, as consequências, na maioria dos casos, eram estados mentais de melancolia, anormalidades sexuais, alucinações, e frequentemente, comportamento anti-social. A explicação para esse fato é simples: ajustamento às condições de prisioneiro, para a maioria dos indivíduos, implica torná-los desabituados à sociedade e à vida social, e é justamente isso que causa as atitudes anti-sociais.

Por isolamento orgânico, entendemos o isolamento que não é provocado por uma imposição externa, mas por certos defeitos orgânicos do indivíduo, tais como a cegueira ou a surdez. A consequência essencial de tais defeitos é a falta de certas experiências comuns ao indivíduo sadio. O compositor alemão Ludwing van Beethoven (1770-1827) exprimiu isso muito bem quando afirmou: “Minha surdez origa-me ao exílio”.

As consequências dos defeitos orgânicos são muito semelhantes às de certos defeitos sociais, como a timidez, a desconfiança, os sentimentos de inferioridade ou superioridade e o pedantismo. Essas distorções sociais, quando não são a consequência de um isolamento anterior, acabarão por criar um isolamento parcial.

As consequências de tal falta de experiência farão com que o surdo, o cego e o tímido raramente sejam plenamente correspondido por pessoas normais. Farão com que eles estejam em posição de inferioridade em toda espécie de comunicação pública, com que se tornem céticos, desconfiados e irritadiços e, portanto, que tenham menos possibilidade de escolher amigos e companheiros entre as pessoas que lhe estão próximas.

Pode-se falar em “falta de associação por escolha”, e o resultado posterior disso é um número limitado de pessoas com as quais podem desenvolver potencialidades intelectuais. Tudo isso pode levar à resignação: o indivíduo pode perder a esperança de obter uma posição normal e um lugar na vida, ou tornar-se uma personalidade que aceita o seu papel de inferioridade imaginária.

A timidez, em termos psicológicos, é uma espécie de isolamento parcial que decorre da incapacidade de reagir de forma adequada a certas esferas da vida. É geralmente consequência de um choque físico na infância. Na maioria das vezes, esse choque ocorre no momento exato em que a criança deixa a esfera das relações da família e da vizinhança para penetrar no universo dos contatos secundários. Uma espécie de trauma, uma lesão física, decorre desse passo, podendo resultar num desequilíbrio crônico de personalidade (…)


1º ANO - CONCEITOS BÁSICOS (PARTE I)

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CONCEITOS BÁSICOS PARA A COMPREENSÃO DA VIDA SOCIAL
Pérsio Santos de Oliveira


  • SOCIABILIDADE E SOCIALIZAÇÃO: reflita sobre este pensamento de Aristóteles (384-322 a.C): “O homem é por natureza um animal social”. O que isso quer dizer? A vida em grupo é uma exigência da natureza humana. O homem necessita de seus semelhantes para sobreviver, perpetuar a espécie e também para se realizar plenamente como pessoa.
A sociabilidade – capacidade natural da espécie humana para viver em sociedade – desenvolve-se pelo processo de socialização. Pela socialização o individuo se integra ao grupo em que nasceu, assimilando o conjunto de hábitos e costumes característicos daquele grupo.
Participando da vida em sociedade, aprendendo suas normas, seus valores e costumes, o indivíduo está se socializando. Quanto mais adequada a socialização do indivíduo, mais sociável ele poderá se tornar.

  • CONTATOS SOCIAIS: ao dar uma aula, o professor entra em contato com seus alunos. O cliente e o vendedor de uma loja estabelecem contato na hora da venda de uma mercadoria. Duas pessoas conversando também estabelecem um contato social. A convivência humana pressupõe uma verdadeira de formas de contatos sociais. Você mesmo pode relacionar diversas formas, a começar pela maneira como adquiriu este livro ou pelas relações ou contatos sociais que manteve para chegar até esta etapa de sua educação formal.

O contato social é à base da vida social. É o primeiro passo para que ocorra qualquer associação humana.

-TIPOS DE CONTATOS SOCIAIS: podemos considerar que existem dois tipos de contatos sociais: primários e secundários.
Contatos Sociais Primários. São os contatos pessoais, diretos e que têm uma forte base emocional, pois as pessoas envolvidas compartilham suas experiências individuais. São exemplos característicos de contatos sociais primários: os familiares( que ocorrem entre pais e filhos, entre irmãos, entre marido e mulher); os de vizinhança ( entre amigos, grupos de brincadeira e lazer); as relações sociais na escola, no clube, etc. Assim, as primeiras experiências do indivíduo se fazem com base em contatos sociais primários.
Contatos sociais secundários. São os contatos impessoais, calculados, formais. Trata-se mais de um meio para atingir determinado fim. Dois exemplos: o contato do passageiro com o cobrador do ônibus, apenas para pagar a passagem; o contato do cliente com o caixa do banco, para descontar um cheque. São também considerados contatos secundários os contatos mantidos através de carta, telefone, telegrama, e-mail,etc.

PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS: é importante destacar que as pessoas que têm uma vida baseada mais em contatos primários desenvolvem uma personalidade diferente daquelas que têm uma vida com predominância de contatos secundários. Um lavrador, por exemplo, apresenta uma personalidade bastante diversa da de um executivo.
Com a industrialização e a conseqüente urbanização diminuíram os grupos de contatos primários, pois a cidade é a área em que há mais grupos nos quais predominam os contatos secundários.
As relações humanas nas grandes cidades podem ser mais fragmentadas e impessoais, caracterizando uma tendência aos contatos sociais secundários e ao individualismo, pois aproximadamente física não significa necessariamente proximidade afetiva. A vida nas metrópoles, por exemplo, facilita os conflitos. Um exemplo de individualismo cultivado nas grandes cidades são as brigas no transito, cada vez mais freqüentes, muitas com desfecho violento.

  • Convívio social, isolamento e atitudes: a História demonstra que o convívio social foi e continua a ser decisivo para o desenvolvimento da humanidade. As descobertas feitas por um grupo, quando comunicadas ás outras pessoas, tornam-se estimulo e ponto de partida para aperfeiçoamentos e novas descobertas. Transmitidas de geração a geração, esses conhecimentos compartilhados não perdem com a morte de seus descobridores. No convívio social, o compartilhamento entre indivíduos se dá pelos contatos sociais.

A ausência de contatos sociais caracteriza o isolamento social. Existem mecanismos que reforçam o isolamento social. Entre eles estão as atitudes de ordem social e as atitudes de ordem individual.
As atitudes de ordem social envolvem os vários tipos de preconceitos (de cor, de religião, de sexo, etc.). Um exemplo histórico de preconceito é o anti-semitismo, voltado contra os judeus. Tal atitude foi especialmente violenta durante a Idade Média e também entre os anos de 1933 e 1945, nos países dominados pela ideologia nazista. A África do Sul é outro exemplo de país onde por várias décadas imperou uma legislação que afastava do convívio social com os brancos a maior parte da população: era o apartheid, que minoria branca impunha á maioria negra, relegando seus membros á condição de cidadãos inferiores.
Uma atitude de ordem individual que reforça o isolamento social é a timidez. O sociólogo Karl Mannheim considera que a timidez, o preconceito e a desconfiança podem levar o indivíduo a um isolamento parcial semelhante ao ocasionado de modo geral pelas deficiências físicas, quando os portadores são segregados dentro de seu próprio grupo primário.

  • Quebrando as regras: O ser humano se guia pela inteligência. Sobre a necessidade de vida gregária (em grupo), edificamos o convívio social.
As formas de convívio social são diversificadas, pois cada cultura, cada povo, tem suas regras particulares de convivência humana.
As condições de convivência podem se modificar de acordo com certas transformações que ocorrem nas sociedades. Por exemplo, a situação da mulher de maneira geral foi se modificando rapidamente ao longo das últimas décadas do século XX. Quem imaginaria, nos anos de 1920, a mulher brasileira votando. Pois as brasileiras obtiveram direito de voto apenas em 1933. Difícil também imaginar, há cinqüenta anos, mulheres ocupando cargos executivos em grandes empresas ou trabalhando em fábricas de montagem lado a lado com os homens, ou dirigindo a economia e a política de uma grande nação, como foi o caso de Margareth Thatcher, na Inglaterra, nos anos de 1979 a 1990. No Brasil, temos inúmeros exemplos de destaques femininos, tanto na política como em outras diversas atividades sociais. É cada vez mais comum mulheres ocupando cargos executivos ou dirigindo a economia e a política.

terça-feira, 29 de março de 2016

Cidadania e Direitos Humanos - Cidadania Formal X Cidadania Real

Salve galera do 2oANO. Segue abaixo alguns links interessantes para o trabalho/pesquisa que estamos desenvolvendo em sala de aula, em breve posto mais alguns se precisar:


  1.  http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/5-importantes-nomes-da-luta-por-direitos-humanos-no-brasil/
  2.  http://www.gentequefazadiferenca.sc.gov.br/
  3.  http://portaldoprofessor.mec.gov.br/link.html?categoria=19
  4.  http://www2.ccea.org.br/
  5.  http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/vida-na-universidade/um-pe-na-facul-e-o-outro-na-comunidade-eicw6phqwesotl8ehfabpje4u
  6.  http://cpsfeteps.azurewebsites.net/feira-tecnologica-apresenta-projetos-de-inclusao-social/
  7.  http://cpsfeteps.azurewebsites.net/feira-tecnologica-apresenta-solucoes-para-economizar-e-reaproveitar-agua/
  8.  http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=85432
  9.  http://gestaoescolar.abril.com.br/aprendizagem/projeto-escola-sustentavel-544933.shtml
  10. http://www.inclusive.org.br/?p=28455 
  11. http://redeglobo.globo.com/globocidadania/noticia/2013/06/iniciativas-que-lutam-pela-educacao-no-brasil-dao-exemplos-de-amor-e-cidadania.html

domingo, 27 de março de 2016

DO THE EVOLUTION - Evolução X Progresso X Desenvolvimento




QUESTIONÁRIO - 3º ANO

Salve, galera!
Segue abaixo as questões a serem respondidas e entregues conforme combinado em cada turma.

1- DESENVOLVIMENTO E PROGRESSO. Os dois termos significam sociologicamente a mesma coisa ou há diferenças entre eles? (Veja o link abaixo)

2- Faça um apanhado (síntese) dos seguintes termos, presentes no capítulo 21 de nosso livro (p. 294 ss). (Postei o texto do livro aqui também)
  • MODERNIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
  • SUBDESENVOLVIMENTO E DEPENDÊNCIA
3- Que análise pode ser feita sobre as mudanças no últimos anos no Brasil, segundo o autor do nosso livro Nelson Tomazi? (Cap. 23 - em especial p. 323)

VÍDEO - Cada EQUIPE deverá produzir um material (em vídeo) elencando algumas mudanças sociais significativas em nossa sociedade, como um "TOP 10". Alguns itens podem ser considerados: como era a vida de nossos pais/tios/avós quando eram crianças ou jovens, diferenças e semelhanças no cuidado com as crianças, na escola, na alimentação, transporte, na diversão ou brincadeiras, no vestuário, namoro, profissões mais comuns, política (partidos e outras formas), questões históricas relevantes, entre outros.

Textos de apoio para as atividades - MUDANÇA SOCIAL (Nelson Tomazi)


Modernização, desenvolvimento e dependência
Progresso e desenvolvimento talvez sejam as palavras que melhor expressam, em nosso cotidiano, uma possível mudança social. Já vimos como pensavam os autores clássicos sobre este tema. Vamos examinar a seguir como a questão foi colocada a partir de meados do século XX.
Características e diferenças das sociedades
Tradicional
Moderna
Particularismo
Universalismo
Orientação para a atribuição
Orientação para a realização
Difusão funcional
Especificidade funcional
Pouca motivação para o desempenho
Muita motivação para o desempenho
Nenhuma abertura à experiência
Grande abertura à experiência
Hierarquia profissional
Especialização profissional
Pouca imaginação criadora
Muita imaginação criadora
Pequena mobilidade social
Grande mobilidade social
Resistência às mudanças
Abertura às mudanças
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) passou-se a perceber que as desigualdades entre as sociedades do mundo eram gritantes, e algumas grandes vertentes teóricas se propuseram analisar esse fenômeno, isto é, tentaram expli­car por que algumas sociedades eram desenvolvidas e outras, subdesenvolvidas. É sobre essas teorias que vamos refletir um pouco.
Teorias da modernização. A visão evolucionista da história ganhou novo alento com as teorias da modernização, de acordo com as quais as mudanças movem as sociedades de um estágio inicial (tradicional) para um estágio superior (mo­derno), numa escala de aperfeiçoamento contínuo.
As teorias da modernização utilizam os padrões de análise de Émile Durkheim e de Max Weber, mas com nova roupagem. De acordo com essas teorias, as so­ciedades são tradicionais ou modernas conforme as características que adotam. Como desenvolveram determinadas atitudes e comportamentos e não outros, são responsáveis pela própria situação. Para se transformar, passando do estágio atual para o superior, uma sociedade tradicional precisa deixar suas características para incorporar as modernas.
Essas teorias tomam como padrões de sociedades modernas as norte-ameri­canas - do Canadá e dos Estados Unidos - e as européias ocidentais - prin­cipalmente a da França, a da Inglaterra e a da Alemanha. De acordo com tais teorias, as sociedades tradicionais (atrasadas e subdesenvolvidas) devem seguir o exemplo e os mesmos passos históricos das sociedades modernas (industria­lizadas e desenvolvidas).
Vários sociólogos dos Estados Unidos, como Talcott Parsons, David Mc­Clelland c Daniel Lerner, e também o argentino Gino Germani, entre outros, utilizaram esquemas muito parecidos para caracterizar cada tipo de sociedade.
A mudança social ocorreria quando os indivíduos e os grupos – isto é, as sociedades – deixassem as características tradicionais e passassem a internalizar as modernas. Assim, desde' que os valores tradicio­nais fossem superados, ocorreria a evolução social modernizante. De acordo com as críticas mais gerais, essas teo­rias são etnocêntricas, pois a maioria das nações do mundo não seguiu as mesmas trajetórias históricas que as sociedades ocidentais. Ademais, tais teorias definem a trajetória de todas as sociedades como se fosse linear, ou seja, presumem que as sociedades modernas de hoje foram um dia tradicionais e se mo­dernizaram porque mudaram sua mentalidade e sua maneira de ver o mundo. A ênfase é posta na cultura e na visão de mundo das pessoas e dos grupos sociais, os quais, para mudar, precisariam seguir a mesma trajetória que as atuais sociedades modernas. Além dessas críticas, outras estão contidas nas teorias que vamos analisar em seguida.

Teorias do subdesenvolvimento e da dependência
Após fazer uma análise crítica das teorias da modernização, vários autores, na década de 1960, procuraram explicar a questão da diferença entre os países por um outro ângulo, focalizando a história diferencial de cada sociedade e as relações econômicas e políticas entre os países. A pergunta que se fazia era a mesma proposta pelas teorias anteriores: por que os países da América Latina eram subdesenvolvidos e os da Europa e os Estados Unidos eram desenvolvidos? As respostas, porém, mudaram.
Esses autores partiram de uma visão que foi desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), da Organização das Nações Unidas (ONU). De acordo com os estudos da Cepa!, do ponto de vista econômico, nas relações entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos havia uma troca desigual e uma deterioração dos termos de intercâmbio. Historicamente, isso se explicava por uma divisão internacional do trabalho, em que cabia aos países periféricos (dominados) vender aos países centrais (dominantes) produtos primários (agrí­colas, basicamente) e matérias-primas (sobretudo minérios) e comprar produtos industrializados. Ao longo dos anos, foi necessário que os países periféricos vendessem mais matérias-primas e agrícolas para pagar a mesma quantidade de produtos industrializados, ou seja, trabalhavam mais e vendiam mais para receber o mesmo e assim enriquecer aqueles que já eram ricos.
Os países centrais e os periféricos tinham um passado diferente. Os países europeus foram as metrópoles no período colonial, ao passo que os da América Latina foram as colônias e, depois da independência, passaram a ser dominados economicamente pela Europa e pelos Estados Unidos. Isso prejudicou a emer­gência de forças livres para o desenvolvimento autônomo dos países periféricos.
Andrew Gunder Frank, sociólogo alemão, afirmava que na América Latina havia apenas o desenvolvimento do subdesenvolvimento, pois os países centrais, além de explorar economicamente os periféricos, dominavam-nos politica­mente, impedindo qualquer possibilidade de desenvolvimento autônomo. E essa relação desde o período colonial explicava por que alguns tinham se de­senvolvido e outros não.
Um segundo grupo de sociólogos, do qual participaram o brasileiro Fer­nando Henrique Cardoso e o chileno Enzo Falletto, propôs uma explicação um pouco mais detalhada dessa relação. De acordo com sua análise, após a primeira fase de exploração, que durou até o fim da Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um novo movimento que aprofundou a dependência dos países da América Latina. Esta continuou produzindo os mesmos bens primários para exportação, mas a partir da década de 1960 houve uma mudança, principal­mente no Brasil, na Argentina, no Chile e no México: a internacionalização da produção industrial dos países periféricos. Como isso ocorreu?
A industrialização dependente configurou-se mediante a aliança entre os empresários estrangei­ros e nacionais e o Estado nacional. Os produtos industriais que antes vinham dos países desen­volvidos começaram a ser fabricados nos países subdesenvolvidos, porque era mais barato. Além disso, com a produção local, evitava-se o gasto com o transporte. Mas o fundamental era que as matérias-primas estavam próximas, a força de tra­balho era mais barata e o Estado dava incentivos fiscais (deixava de cobrar impostos) e construía toda a infra-estrutura necessária para que essas indústrias se instalassem e funcionassem. Em alguns países onde havia essas condições, as grandes indústrias estran­geiras se instalaram e geraram um processo de industrialização dependente, principalmente, da tecnologia que traziam. Com isso, além de manter a explo­ração anterior, os países centrais exploravam diretamente a força de trabalho das nações subdesenvolvidas.
Essas teorias procuravam explicar a existência das diferenças entre os países, as possibilidades de mudança de uma situação a outra e as condições possíveis para que isso acontecesse no sistema capitalista, sem necessariamente questio­ná-lo.


BRASIL - Mudanças nos últimos anos
Como vimos até aqui, muitas coisas mudaram no Brasil e muitas outras foram conservadas ou não mudaram de modo significativo. Podemos observar que em alguns lugares o modo de vida assemelha-se ao das sociedades indus­trializadas de qualquer parte do mundo. Em outros lugares, principalmente nas áreas rurais, vive-se uma realidade de extrema pobreza. Nas grandes cidades as duas situações convivem. Há no mesmo lugar extrema riqueza e extrema pobreza: gente que mora em condomínios fechados luxuosos e gente que vive embaixo de viadutos.
Politicamente, pode-se dizer que as regras do jogo democrático estão con­solidadas, isto é, as eleições são realizadas regularmente e os eleitos são empossados e terminam os mandatos (desde que não sejam julgados e tenham os mandatos extintos, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor e vários parlamentares). No entanto, persistem ainda velhas práticas, como o clientelismo, o "favor", as decisões judiciais parciais e os conchavos políticos, o que demonstra que o país não mudou tanto.
Economicamente, nos últimos 20 anos, houve uma alteração substancial por causa da ampliação da inserção do Brasil no mundo. Foram necessárias mudanças internas para que o país pudesse se adequar ao novo padrão internacional de relações políticas e econômicas. O processo produtivo industrial foi modificado com a entrada de novas indústrias e a modernização tecnológica, principalmente via automação. Criou-se uma nova maneira de produzir muito com menos trabalhadores. Isso conduziu a uma situação estranha, pois o desenvolvimento não implica aumento de vagas de trabalho.
 Houve também uma mudança no consumo e nas relações entre os in­divíduos. Para indicarmos apenas uma situação, a utilização dos telefones celulares ocasionou mudanças comportamentais que impressionam - por exemplo, na relação entre os trabalhadores autônomos e seus clientes; nas relações sentimentais, que incluem constantes conversas, mas também vigi­lância; nas relações trabalhistas, pois o empregado pode ser alcançado em qualquer lugar e hora; na própria sociabilidade, pois as pessoas não conse­guem mais viver sem estar conectadas; nas formas de consumo, dada a rápida obsolescência dos aparelhos.
Isso significa que a chamada globalização nos atingiu em cheio. E, como diz Francisco de Oliveira, sociólogo brasileiro, os meninos nas ruas vendendo balas, doces e quinquilharias não são o exemplo do atraso do país, mas a forma terrível como a modernização aqui se implantou.