Segue abaixo um resumo para a galera que está trabalhando cultura comigo.
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Alguns CONCEITOS e CONSIDERAÇÕES sobre CULTURA
1- O papel da EDUCAÇÃO na transmissão da cultura
O antropólogo Clyde Kluckhohn (1905-1960) observa em Antropologia - Um espelho para o homem que cultura é "a vida total de um povo, a herança social que o indivíduo recebe de seu grupo, ou pode ser considerada a parte do ambiente que o próprio homem criou".
Por sua vez, Bronislaw Malinovski (18841942), outro antropólogo, ensina que a cultura compreende "artefatos, bens, processos técnicos, idéias, hábitos e valores herdados".
A aquisição e a perpetuação da cultura, portanto, é um processo social, resultante da aprendizagem. Cada sociedade transmite às novas gerações o patrimônio cultural que recebeu de se~s antepassados. Por isso, a cultura é também chamada de herança social.
Nas sociedades em que não há escolas, a transmissão da cultura se dá por intermédio dá família ou da convivência com o grupo adulto. Nesse caso, diz-se que a educação é informal ou assistemática .
Quando há escolas, estas se encarregam de completar a transmissão da cultura iniciada na família e em outros grupos sociais. Nesse caso, a educação é formal ou sistemática, isto é, obedece a uma organização previamente planejada.
Não há, portanto, um modelo único, uma forma exclusiva de educação. A carta dos indígenas norte-americanos ao governo de Virgínia revela que a cultura de uma sociedade é transmitida das gerações adultas às gerações mais jovens por meio da educação. Educar, pois, é transmitir aos indivíduos os valores, os conhecimentos, as técnicas, o modo de viver, enfim, a cultura do grupo.
2- IDENTIDADE CULTURAL
Cada sociedade elabora sua própria cultura ao longo da história e recebe a influência de, outras culturas. Todas as sociedades, desde as mais simples até as mais complexas, têm sua própria cultura. Não há sociedade sem cultura.
Desde que nasce, um indivíduo é influenciado pelo meio social em que vive. Com exceção do recém-nascido e dos raros indivíduos que foram privados da possibilidade de convívio humano, não há pessoas desprovidas de cultura.
A cultura pode ser definida também como um estilo de vida próprio, um modo de vida particular que todas as sociedades desenvolvem e que caracteriza cada uma delas. Assim, os indivíduos que compartilham a mesma culo tura apresentam o que se chama de identidade cultural. É essa identidade cultural que faz com que a pessoa se sinta pertencendo ao grupo, é por meio dela que se desenvolve o sentimento de pertencimento a uma comunidade, a uma sociedade, a uma nação, a uma cultura.
Por exemplo, as comunidades indígenas, são realidades culturais diferenciadas em relação à sociedade dita "civilizada". Como tal, são capazes de reproduzir regras, valores e estilos próprios de organização. Os indivíduos que pertencem a elas desenvolvem um forte sentimento de identidade cultural, como vimos na carta dos chefes indígenas ao governo de Virgínia.
3- ASPECTO MATERIAL E O NÃO-MATERIAL DA CULTURA
A cultura material consiste em todo tipo de utensílios produzidos em uma sociedade - ferramentas, instrumentos, máquinas, hábitos alimentares, habitação etc. - e interfere diretamente em seu estilo de vida.
Por exemplo: um dos alimentos básicos no interior do Nordeste é a farinha de mandioca; muitos nordestinos preferem utilizar redes em vez de camas para dormir; também no interior dessa região, as casas das classes baixas são muitas vezes construídas com barro socado entre hastes de madeira cruzadas (taipa.) e cobertura de palha. Forma-se, assim, um modo ou estilo de vida fundamentado na cultura material da região. I
Já a cultura não-material abrange todos os aspectos morais e intelectuais da sociedade, tais como: normas sociais, religião, costumes, ideologia, ciências, artes, folclore etc.
Por exemplo, a maior parte da população brasileira segue a religião católica, não há pena de morte em nossa legislação e a miscigenação racial é muito forte, embora persistam manifestações de preconceito e atitudes discriminatórias, principalmente contra os negros. Esses aspectos não-materiais de nossa cultura contrastam com os que encontramos, por exemplo, nos Estados Unidos - uma sociedade de maioria protestante, na qual muitos estados empregam a pena de morte e onde a discriminação I racial era oficialmente permitida até a década de 1960, quando, após muita luta, criaram-se leis que impedem as práticas racistas.
Uma das manifestações da cultura não material de maior interesse para o antropólogo é o folclore.
Interdependência entre o material e o não-material da cultura
Existe uma interdependência estreita e constante entre cultura material e cultura nãomaterial. Quando, por exemplo, assistimos à apresentação de uma orquestra, sabemos que as músicas executadas são produto da criatividade de um ou mais músicos. Entretanto, para comunicar sua criação aos outros, os artistas valem-se de instrumentos musicais. Da mesma forma que uma melodia requer instrumentos musicais para sua exteriorização, também as religiões, de modo geral, necessitam de templos, altares e outros componentes materiais para que possam ser praticadas.
Na verdade, a interdependência entre esses dois aspectos é intrínseca a qualquer cultura, pois um grupo só pode realizar sua cultura não-material apoiado em meios concretos de expressão que fazem parte de sua cultura material (os instrumentos de uma orquestra, por exemplo ).
4- COMPONENTES DA CULTURA
A cultura é um todo orgânico, um sistema, um conjunto de partes que se relacionam estreitamente. Para melhor compreender o que é uma cultura, vamos estudar alguns de seus componentes.
Os principais aspectos de uma cultura são: os traços culturais, o complexo cultural, a área cultural o padrão cultural e a subcultura.
Traços culturais
Você já viu alguém dançando frevo? Trata-se de um gênero musical típico de Pernambuco e do carnaval do Recife e de Olinda. Pois bem, cada passo do frevo é um traço cultural dessa manifestação de cultura popular que é o carnaval pernambucano (o mesmo se pode dizer do samba no Rio de Janeiro).
Traço cultural é o menor componente representativo de uma cultura. Ele pode ser um objeto material - por exemplo, o cocar de penas usado por nossos índios. Neste caso, ele próprio é constituído de partes menores - as penas usadas na confecção do cocar, por exemplo, Entretanto, as penas de pássaro só passam a ser um traço cultural quando reunidas, em nosso exemplo, na forma de cocar.
Um carro, um lápis, uma capa, uma pulseira, um computador são outros exemplos de traços culturais. Os traços culturais são os componentes mais simples da cultura. Eles ,são as unidades de uma cultura.
É necessário ressaltar que os traços culturais só têm significado quando considerados dentro de uma cultura específica. Um colar pode ser um simples adorno para determinado grupo e para outro ter um significado mágico ou religioso.
Para os fiéis de religiões afro-brasileiras como o candomblé, por exemplo, as cores dos colares usados dependem da divindade cultuada pela pessoa. De acordo com a crença, eles dão proteção a quem os utiliza. Portanto, só quando consideramos o conjunto da cultura é que podemos entender um determinado traço cultura,l. No exemplo do frevo de Pernambuco, determinado passo só pode ser entendido como traço cultural quando integrado ao todo orgânico daquela cultura.
Complexo cultural
A combinação dos traços culturais em torno de uma atividade básica forma um complexo cultural.
Por exemplo, o carnaval no Brasil é um complexo cultural que reúne um grupo de traços culturais relacionados uns com os outros: carros alegóricos, música, dança, instrumentos musicais, trios elétricos, desfiles, orquestras de frevo, baterias de escolas de samba, fantasias etc. Da mesma forma, o futebol é um complexo cultural que pode ser desmembrado em vários traços culturais: o campo, a bola, o juiz, os jogadores, a torcida, as regras do jogo etc. .
Área cultural
A região em que predominam determinados complexos culturais forma uma área cultural. Esta é, portanto, o espaço geográfico no qual se manifesta certa cultura. Assim, os grupos humanos localizados em determinada área cultural apresentam grandes semelhanças quanto aos traços e complexos culturais.
Quando diversas culturas, de diferentes origens, se encontram em uma mesma área cultural, e entre elas se desenvolve uma relação de I simbiose e respeito mútuo, temos uma situação multicultural.
No Brasil não temos ainda uma situação multicultural. Existem, sim, miscigenação racial e sincretismo cultural, mas ainda não se pode falar em multiculturalismo, pois convivemos com manifestações de racismo, preconceito e discriminação, como vimos no capítulo 2. Apesar disso, é inegável que a miscigenação deu origem no Brasil a uma fusão de culturas .
5- PADRÃO CULTURAL
Padrão cultural é um conjunto de normas que rege o comportamento dos indivíduos de determinada cultura ou sociedade. Em outras palavras: quando os membros de uma sociedade agem de uma mesma forma, estão expressando os padrões culturais do grupo. Por exemplo, o casamento monogâmico é um dos padrões culturais da sociedade brasileira.
6- SUBCULTURA
No interior de uma cultura podem aparecer diferenças significativas, caracterizando a existência de uma subcultura. Assim, por exemplo, há comunidades no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, nas quais certos costumes e valores se diferenciam claramente dos praticados em outras regiões do país. Em algumas dessas comunidades, as pessoas se comunicam não só em português, mas também em idiomas europeus, como o alemão.
Isso acontece devido à presença nessas áreas de imigrantes de origem européia - principalmente italianos e alemães - que ali se instalaram no final do século XIX e que, por seu isolamento, mantiveram traços culturais dos países de origem: hábitos alimentares, festas típicas e, em alguns casos, até o idioma materno. Temos, assim, uma subcultura regional no quadro mais amplo da cultura brasileira.
A ocorrência de subculturas não se limita a diferenças regionais. Também pode se verificar na relação entre gerações. Às vezes, por exemplo,os jovens criam costumes e modos de vida radicalmente distintos da norma adulta. Por isso, alguns autores falam da existência de uma subcultura juvenil.
Exemplo de subcultura juvenil são as chamadas tribos urbanas: punks, góticos, skinheads etc. Cada membro de uma tribo se identifica pelos símbolos comuns, como o vestuário e o linguajar peculiares que caracterizam o espírito do grupo.
7- O CRESCIMENTO DO PATRIMÔNIO CULTURAL
Cada geração passa por processos de aprendizagem, nos quais assimila a cultura de seu tempo e se torna apta a enriquecer o patrimônio cultural das gerações futuras. É na capacidade que os grupos têm de perpetuar e acrescentar novos valores à cultura que reside a possibilidade de progresso.
Em geral, o enriquecimento patrimonial de uma cultura se faz por meio de dois processos: a invenção e a difusão. Depois de estudá-Ios, vamos ver como o desequilíbrio entre os diferentes aspectos da cultura gera o processo conhecido como retardamento cultural.
Invenção e difusão cultural
Em meados do século XIX, o uso do motor a vapor para mover um veículo correndo sobre trilhos criou um meio de transporte que teria importância decisiva no mundo moderno: o trem. Impacto maior ainda foi provocado no fim daquele século pela invenção do automóvel, que era pouco mais que uma carruagem impulsionada por um motor a explosão.
Como veremos no capítulo 10, as invenções são geradas pela combinação entre o patrimônio cultural da sociedade e determinadas necessidades sociais. Nenhum inventor parte da estaca zero. Em seu trabalho de criação, ele utiliza o conhecimento acumulado de sua cultura, combinando elementos preexistentes para produzir algo novo.
Assim, invenção é a combinação de traços já existentes, dando como resultado um traço cultural novo. Muitas vezes, como no caso do trem e do automóvel, as invenções acarretam mudanças amplas e profundas em toda a cultura.
Alguns traços culturais, como uma nova moda ou o uso de um equipamento recentemente inventado, difundem-se não só na sociedade em que tiveram origem, mas também entre culturas diferentes, geralmente através dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão, cinema, rádio, Internet etc.).
Quando isso ocorre, dizemos que está havendo um processo de difusão cultural. Pode-se afirmar que o enriquecimento cultural se verifica mais freqüentemente por difusão do que por invenção (voltaremos a tratar das invenções e da difusão cultural no capítulo 10 deste volume).
Geralmente, o patrimônio de uma cultura cresce de geração em geração. As culturas se desenvolvem incorporando traços culturais em maior número do que aqueles que caem em desuso.
Assim, a cultura é o somatório de todas as realizações das gerações passadas que se su cederam no tempo, mais as realizações da geração presente.
8- RETARDAMENTO CULTURAL
As mudanças dos diversos componentes da cultura não acontecem no mesmo ritmo: alguns se transformam mais rapidamente do que outros. As invenções, por exemplo, acarretam mudanças mais aceleradas na cultura material do que na cultura não-material: os instrumentos, as máquinas e as técnicas mudam mais rapidamente do que a religião, os padrões familiares e a educação.
Essa diferença de ritmo provoca descompassos entre os diversos componentes da cultura. A introdução da pílula anticoncepcional na década de 1960, por exemplo, encontrou grande resistência por parte de setores religiosos, enquanto milhões de mulheres em todo o mundo já se beneficiavam com a invenção.
Toda vez que há um desequilíbrio entre os diferentes aspectos da cultura, pode-se falar de retardamento ou demora cultural.
9- ACULTURAÇÃO: CONTATO E MUDANÇA CULTURAL
Durante a colonização do Brasil, houve intenso contato entre a cultura do conquistador português e as culturas dos povos indígenas e dos africanos trazidos como escravos.
Em decorrência desse contato, ocorreram modificações tanto na cultura dos europeus recém-chegados - que assimilaram muitos traços culturais dos outros povos - quanto na dos indígenas e africanos, que foram dominados e perderam muitas de suas características.
Desse processo de contato e mudança cultural - conhecido como aculturação - resultou a cultura brasileira.
Quando seres humanos de grupos diferentes entram em contato direto e contínuo, geral mente ocorrem mudanças culturais nos grupos, pois verifica-se a transmissão de traços culturais de uma sociedade para outra. Alguns traços são rejeitados; outros são aceitos e incorporados, quase sempre com mudanças significativas, à cultura resultante.
10- MARGINALIDADE CULTURAL
Na cidade paulista de Tupã - na reserva dos índios Caingangue - vivem, em trezentos alqueires, duzentos indígenas descaracterizados culturalmente. Eles são atendidos por um grupo de funcionários da Funai (Fundação Nacional do índio); desconhecem totalmente seu passado, não conseguem mais se expressar em sua própria língua, não se lembram mais de seus cantos, de suas danças e de suas antigas práticas de caçadores e pescadores. Também não estão incorporados à cultura da civilização que os cerca. São mansos e tristes.
Quando duas culturas entram em contato, podem ocorrer - além da aculturação - conflitos emocionais nos indivíduos que pertencem a ambas as culturas.
Esses conflitos têm origem na insegurança que as pessoas sentem diante de uma cultura diferente da sua. Aqueles que não conseguem se integrar totalmente a nenhuma das culturas que os rodeia ficam à margem da sociedade. A esse fenômeno dá-se o nome de marginalidade cultural.
11- CONTRACULTURA
Nas sociedades contemporâneas encontramos pessoas que contestam certos valores culturais vigentes, opondo-se radicalmente a eles, num movimento chamado de contracultura.
Na década de 1950, os Estados Unidos conheceram a beat generation (geração beat), que contestava o otimismo consumista do pós-guerra norte-americano, a ingenuidade que os filmes de Hollywood apregoavam, o anticomunismo generalizado e a falta de um pensamento crítico.
Inspirados nos existencialistas franceses, os beatniks vestiam-se de preto e recusavam-se a participar do sistema. Seus principais representantes foram o escritor Jack Kerouak e o poeta Allen Ginsberg, entre vários outros artistas e intelectuais.
Na década de 1960, surgiu o movimento hippie. Como a beat generation, foi um fenômeno de contracultura, porque se opunha radicalmente aos valores culturais considerados importantes na sociedade ocidental: o trabalho, o patriotismo, a acumulação de riquezas e a ascensão social.
Também era contrário à Guerra do Vietnã (1959-1975), à estrutura familiar convencional, à sociedade de consumo e aos hábitos alimentares baseados em comida industrializada e fast food (refeição rápida) - traços culturais típicos da sociedade norte-americana.
Muitos jovens dessa época deixaram casa e universidade para viver em comunidades no campo, todos plantavam e produziam a própria comida e educavam seus filhos com base em valores mais humanizados.
A maioria deles era vegetariana e muitos abraçaram religiões orientais, como o zen-budismo e o hinduísmo. Seu principal lema era: "faça amor, não faça guerra".
O movimento hippie, que ultrapassou as fronteiras dos Estados Unidos, foi perdendo o vigor, até desaparecer por completo, às vésperas da década de 1980, quando o individualismo e o consumismo voltaram, com toda a força, a ocupar corações e mentes da nova geração.
Leia, na seqüência, como se deu a comemoração dos 25 anos do Festival de Woodstock (1969), um marco da contracultura e do movimento hippie nos Estados Unidos.
Maravilhoso!Estupendo!
ResponderExcluirNossa... deve ter ajudado em algum trabalho de escola, pelo visto! Rsrsrsrs....
ResponderExcluirO texto é do Livro de Persio dos Santos de Oliveira.
parabéns, ótimo relatório... :)
ResponderExcluirmuito bom ajudou bastante na minha pesquisar.
ResponderExcluirnossa muito obrigada hein,ajudou bastante,ficou até na ordem que se pedia...
ResponderExcluirLi o livro todo e achei ótimo por tudo e em tudo. Aos neófitos será de imensa valia.
ResponderExcluirAjudou bastante com a minha pesquisa, e foi bem elaborada e organizada... obrigada
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