segunda-feira, 11 de abril de 2016

1º ANO - CONCEITOS BÁSICOS (PARTE III)

Processos sociais


São diversas maneiras pelas quais indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma pela qual indivíduos estabelecem relações sociais.
Os alunos de uma escola resolvem fazer uma limpeza geral no salão de festas para o baile de formatura. Organizam-se, um ajuda o outro e logo o trabalho está acabado. Esse resultado foi possível porque houve cooperação. A cooperação é um tipo de processo social.

Qualquer mudança proveniente dos contatos sociais e da interação social entre os membros de uma sociedade constitui, portanto, um processo social.A palavra processo designa a contínua mudança de alguma coisa numa direção definida. Processo social indica interação social, movimento, mudança. Os processos sociais são diversas maneiras pelas quais os indivíduos e os grupos atuam uns com os outros, a forma pela qual os indivíduos se relacionam e estabelecem relações sociais.

Tipos de processo social

No grupo social ou na sociedade como um todo, os indivíduos e os grupos se reúnem e se separam, associam-se e dissociam-se. Assim, os processos sociais podem ser associativos e dissociativos.
Os processos associativos estabelecem formas de cooperação, convivência e consenso no grupo. Já os dissociativos estão relacionados a formas de divergência, oposição e conflito, que podem se manifestar de modos diferentes.
Os principais processos sociais associativos são cooperaçãoacomodação e assimilação.
Os principais processos sociais dissociativos são competição e conflito.

Cooperação
A cooperação é a forma de interação social na qual diferentes pessoas, grupos ou comunidades trabalham juntos para um mesmo fim.
São exemplos de cooperação: a reunião de vizinhos para limpar a rua, ou de pessoas para fazer uma festa; mutirões de moradores para construir conjuntos habitacionais; sociedades cooperativas etc.
A cooperação pode ser direta ou indireta.
Cooperação direta. Compreende as atitudes que as pessoas realizam juntas, como é caso dos mutirões.
Cooperação indireta. É aquela em que as pessoas, mesmo realizando trabalhos diferentes, necessitam indiretamente umas das outras, por não serem autossuficientes. Tomemos o exemplo de um médico e de um lavrador: o médico não pode viver sem o alimento produzido pelo lavrador, e este necessita de cuidados médicos quando fica doente.

Competição
“No uso recente, competição é a forma de interação que implica luta por objetivos escassos; essa interação é regulada por normas, pode ser direta ou indireta, pessoal ou impessoal, e tende a excluir o uso da força e da violência” (Dicionário de Ciências Sociais. Rio de Janeiro, Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1987. p. 218).
A competição pode levar indivíduos a agir uns contra os outros em busca de uma melhor situação. Ela nasce dos mais variados desejos humanos, como ocupar uma posição social mais elevada, ter maior importância no grupo social, conquistar riqueza e poder, vencer um torneio esportivo etc.
Ora, nem todos pode obter os melhores lugares nas esferas sociais, pois os postos mais importantes são em número muito menor que seus pretendentes, isto é, são escassos. Assim, os que pretendem alcançá-los entram em competição com os demais concorrentes. Nessa disputa, as atenções de cada competidor estão voltadas para a recompensa e não para os outros concorrentes. Para entender melhor o conceito de competição, leia o texto “Emprego: a luta por um lugar ao Sol“.
Se você leu o texto sugerido acima, percebeu que há dois casos de competição: a que existe entre países que disputam uma fatia do mercado mundial (“concorrência estrangeira”) e a disputa entre desempregados por postos de trabalho (neste caso, na proporção de mil para um).
O lojista que procura conquistar os fregueses de outro comerciante e os estudantes que lutam por uma vaga no vestibular estão igualmente envolvidos numa relação de competição, da mesma forma que atletas em um torneio esportivo.
Há sociedades que estimulam mais a competição que outras. Entre as tribos indígenas, por exemplo, as relações não são tão acentuadas competitivas como na sociedade capitalista. Esta última estimula os indivíduos a competirem em todas as suas atividades – na escola, no trabalho e até no lazer -, exacerbando o individualismo em prejuízo da cooperação.

Conflito
Quando a competição assume características de elevada tensão social, sobrevém o conflito.
Diariamente, vemos e ouvimos no noticiário dos jornais, do rádio, da televisão e da internet relatos de conflitos em diversas partes do mundo: combates na Colômbia entre tropas do governo e guerrilheiros ou narcotraficantes; ocupações de fazendas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra(MST), no interior do Brasil, às vezes seguidas (ou precedidas) de assassinatos de líderes sindicais a mando de grandes fazendeiros (leia o texto “A luta pela terra no Brasil“); motins e fugas de menores da antiga Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem), atual Fundação CASA/SP, em São Paulo, conflitos entre israelenses e palestinos no Oriente Médio.
O conflito social é um processo social, pois provoca mudanças na sociedade. Tomemos o exemplo dos negros norte-americanos. Depois de violentos choques com a política durante os anos 1960, eles conseguiram ver reconhecidos seus direitos civis. Passados mais de trinta anos, embora certas formas de racismo e discriminação ainda persistam nos Estados Unidos, o negro integrou-se, pelo menos em parte, à sociedade norte-americana.
Assim, diversos negros ocupam hoje posição de destaque até mesmo no governo dos Estados Unidos, o que antes era impensável. É o caso, por exemplo, de Colin Powell, que foi secretário de Estado no governo George W. Bush, além do caso mais recente e que quebrou diversos paradigmas, com a eleição de Barack Obama, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos.
Já no Brasil, o preconceito racial nunca foi tão ostensivo quanto nos Estados Unidos. Além disso, sempre foram comuns aqui as uniões inter-raciais, e a miscigenação da população é um fato que não se pode negar (ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos). Por essa razão, há quem afirme que no Brasil temos uma “democracia racial”.
No texto, “Onde estão os negros?“, você verá que não é bem assim. Apesar de a legislação brasileira proibir quaisquer manifestações de preconceito e discriminação racial, as desigualdades sociais entre brancos e negros ainda estão longe de terem sido superadas. Elas indicam também alguma forma de racismo.

COMPETIÇÃO E CONFLITO
Comparando a competição e o conflito, podemos destacar as seguintes características:
•                a competição pode tomar a forma de luta pela existência, como a que se estabelece entre indivíduos para obtenção de alimento ou emprego, por exemplo;
•                o conflito pode tomar a forma de rivalidade, disputa, revolta, revolução, litígio e guerra. O conflito é bem evidente na luta entre seitas religiosas intolerantes, ou entre patrões e empregados em determinadas situações (greves, por exemplo), nas disputas pela posse da terra, ou ainda na guerra entre nações;
•                a competição pode se transformar em conflito. Vejamos um exemplo. Quando numa escola os alunos lutam para passar de ano, eles não consideram seus companheiros de classe como adversários, pois sua atenção está dirigida para a obtenção de boas notas. Alguns estudantes, porém, podem passar a encarar seus colegas como rivais, quando não desejam apenas passar de ano, mas superá-los. Um estudante que pretende passar em primeiro lugar pode entrar em conflito com colegas que tenham a mesma pretensão.
•                a competição pode ser consciente ou inconsciente; o conflito é sempre consciente, ou seja, os adversários sabem que estão em conflito;
•                o conflito pode implicar violência ou ameaça de violência; já a competição não envolve violência;
•                enquanto a competição é contínua, o conflito não pode durar permanentemente com o mesmo nível de tensão;
•                no conflito, o primeiro impulso dos oponentes é tentar agredir e destruir o adversário. Pessoas ou grupos em conflitos podem canalizar sua tensão tanto para a guerra como para a criminalidade, ou ainda reduzi-la a um processo de acomodação.

Terrorismo
O conflito pode levar ainda a outra forma extrema de violência: o terrorismo, resultado na maioria das vezes do extremismo político ou religioso (neste caso, chamado de fundamentalismo). Enquanto todas as formas de conflito, inclusive as guerras, levam a uma solução, seja pelos processos de acomodação, seja pela assimilação, o mesmo não ocorre com o terrorismo. Incapaz de impor-se pela ação política ou pela força das ideias, ele procura destruir o adversário sem medir as consequências.
Durante certo tempo, cientistas sociais consideraram o terrorismo uma característica de sociedades retrógradas. Alguns chegaram a supor que o processo de modernização das sociedades iria, cedo ou tarde, pôr um fim aos atentados, mesmo que em um ou outro lugar pudessem ocorrer atos isolados.
Os acontecimentos mais recentes, contudo, não comprovam essa teoria O sacrifício de pessoas em nome de uma causa entre, dessa maneira, na era da globalização.
O atentado de 11 de setembro de 2001 – quando foram destruídas as torres gêmeas do World Trade Center de Nova York, nos Estados Unidos – mostra que nenhum país está imune a esse perigo. Ele pode atingir igualmente militares e civis inocentes; pode ocorrer na Nigéria, na Arábia Saudita, na Inglaterra, nos Estados Unidos ou em qualquer outro lugar do mundo.
O terrorismo encontra adeptos entre pessoas e grupos que se sentem excluídos num mundo que está se globalizando rapidamente. Alguns deles temem perder suas culturas e tradições religiosas, como ocorre com os fundamentalistas muçulmanos. Outros se desesperam porque estão impedidos de ter sua própria pátria – ou seja, seus Estados nacionais e soberanos. Este é o caso dos curdos, na Turquia e no Iraque, e dos palestinos no Oriente Médio. Em sua ação devastadora, provocam uma reação igualmente perversa: o terrorismo de Estado.

Acomodação
Nem todo conflito termina com a extinção do oponente derrotado. Em alguns casos, este pode aceitar as condições impostas pelo vencedor para fugir à ameaça de destruição. Ocorre, assim, um processo de acomodação, pois o vencido aceita as condições do vencedor e adota uma posição de subordinação.
A escravização dos povos vencidos, comum na Antiguidade, é um caso típico de acomodação. Quando alguém cumpre uma lei ou segue um costume com os quais não concorda, só para evitar sanções ou divergências, também se enquadra num processo associativo de acomodação. Da mesma forma, um estrangeiro pode não apreciar o modo de vida do país que reside, mas acaba por aceitá-lo para evitar constrangimentos.
Normalmente, muitos imigrantes entram num processo de acomodação quando chegam a outro país: deixam de lado sua língua e seus costumes, adaptam-se à nova vida, procurando se prevenir contra possíveis conflitos.
Desse modo, a acomodação é o processo social pelo qual o indivíduo ou o grupo se ajusta a um situação de conflito, sem que ocorram transformações internas. Trata-se, portanto, de uma solução superficial de conflito, pois este continua latente, isto é, pode voltar a se manifestar. Isso ocorre porque nos processos acomodação continuam prevalecendo os mesmos sentimentos, valores e atitudes internas que separam os grupos. As mudanças são apenas exteriores e manifestam-se somente enquanto comportamento social.
Os escravos, por exemplo, nunca aceitaram a situação de servidão que lhes era imposta. Apenas se acomodavam à dominação, mas sempre que podiam se revelavam. Revoltas de escravos aconteceram em diversas épocas da História. A mais famosa delas ocorreu na península Itálica entre 73 e 71 a.C., quando cerca de 120 mil escravos se reuniram sob a liderança de Espártaco e formaram um exército que chegou a ameaçar o poderio de Roma.
A acomodação é, assim, o ajustamento de indivíduos ou grupos apenas nos aspectos externos de seu comportamento. Ela atenua o conflito. Mas este só desaparece com a assimilação.

Assimilação
A assimilação é a solução definitiva e mais ou menos pacífica do conflito social. Trata-se de um processo de ajustamento pelo qual os indivíduos ou grupos antagônicos tornam-se semelhantes. Difere da acomodação porque implica transformações internas nos indivíduos ou grupos, sendo estas geralmente inconscientes e involuntárias. Tais modificações internas envolvem mudanças na maneira de pensar, de sentir e de agir.
A assimilação se dá por mecanismos de imitação, exigindo um certo tempo para se completar. É um processo longo e complexo.
O exemplo típico de assimilação é o do imigrante. Ele, que a princípio se acomodou no novo país, vai aos poucos, sem perceber, deixando-se envolver pelos costumes, símbolos, tradições e língua da nova pátria.
No Brasil, tivemos vários casos de assimilação, entre os quais o dos alemães em Santa Catarina e o dos italianos em São Paulo. No início, esses imigrantes falavam sua própria língua e conservavam seus valores e costumes. Ao preservar essas características, cada grupo se constituía em uma espécie de corpo estranho na sociedade brasileira.
Apenas quando as características marcantes da cultura de origem se atenuaram ou se desfizeram – sendo substituídas pelos hábitos e costumes locais – os imigrantes puderam ser assimilados pela nossasociedade. Com o tempo, eles se desfizeram de sua identidade cultural e passaram a observar os sentimentos e valores da nova cultura, tornando-se parte integrante da sociedade adotada.


Concluindo, o aspecto importante da assimilação é que ela implica uma transformação da personalidade. O processo de assimilação atinge áreas profundas e extensas da personalidade, determinando novas formas de pensar, sentir e agir.

1º ANO - CONCEITOS BÁSICOS (PARTE II)


O isolamento social e seus tipos 

(FONTE: http://www.buscaescolar.com/sociologia/o-isolamento-social-e-seus-tipos/) 

No texto, o sociólogo Karl Mannhein analisa o fenômeno do isolamento social e os seus tipos. 
  • Nascido em Budapeste, na Hungria, o sociólogo Karl Mannheim (1893-1947) viveu em um dos períodos mais conturbados da História, tendo dedicado boa parte de sua vida à elaboração da Sociologia do Conhecimento. No texto a seguir, ele analisa o fenômeno do isolamento social. 

O isolamento é uma situação marginal na vida social. É uma situação que carece de contatos sociais. As formas mais simples de isolamento são criadas por barreiras naturais como as montanhas, os mares interiores, os oceanos ou os desertos. Tanto grupos como indivíduos podem ser isolados e, em ambos os casos, as consequências principais do isolamento são a individualização e o retardamento.


Tanto os indivíduos quanto os grupos, quando excluídos do contato com outros indivíduos ou grupos, tendem a tornar-se indivíduos ou comunidades que se desviam das outras. Isso significa que percorrem seu próprio caminho; ajustam-se somente às suas condições particulares, sem trocar influências e impressões com outros indivíduos ou grupos.

Como consequência da falta de contato com outros, o indivíduo ou grupo desconhece a evolução das outras pessoas ou unidades sociais. Dessa maneira, emerge um fenômeno a que chamamos evolução desproporcional. O isolamento e a distância aumentam as diferenças originais e as individualizam. Pode-se observar como isso acontece em comunidades rurais que são isoladas por montanhas ou pântanos, como também em indivíduos que se afastam dos outros e se excluem. Tanto as primeiras como os últimos se tornam “peculiares”.


Tipos de isolamento social

Distinguimos dois tipos principais de isolamento: isolamento espacial (de ordem social) e isolamento orgânico (de ordem individual). 

O isolamento espacial pode ser externo, isto é, uma privação forçada de contatos, como acontece quando alguém é expulso da sua comunidade ou encarcerado. 

O comportamento anti-social e algumas vezes o desejo de vingança são uma consequência mental típica do confinamento solitário, que é uma forma extrema de exclusão forçada. No início do século XIX, muitas pessoas bem-intencionadas, influenciadas por concepções morais e religiosas tradicionais, acreditavam que o isolamento e a solidão fortaleceriam o caráter dos fiéis e facilitariam sua conversão.

Entretanto, as consequências, na maioria dos casos, eram estados mentais de melancolia, anormalidades sexuais, alucinações, e frequentemente, comportamento anti-social. A explicação para esse fato é simples: ajustamento às condições de prisioneiro, para a maioria dos indivíduos, implica torná-los desabituados à sociedade e à vida social, e é justamente isso que causa as atitudes anti-sociais.

Por isolamento orgânico, entendemos o isolamento que não é provocado por uma imposição externa, mas por certos defeitos orgânicos do indivíduo, tais como a cegueira ou a surdez. A consequência essencial de tais defeitos é a falta de certas experiências comuns ao indivíduo sadio. O compositor alemão Ludwing van Beethoven (1770-1827) exprimiu isso muito bem quando afirmou: “Minha surdez origa-me ao exílio”.

As consequências dos defeitos orgânicos são muito semelhantes às de certos defeitos sociais, como a timidez, a desconfiança, os sentimentos de inferioridade ou superioridade e o pedantismo. Essas distorções sociais, quando não são a consequência de um isolamento anterior, acabarão por criar um isolamento parcial.

As consequências de tal falta de experiência farão com que o surdo, o cego e o tímido raramente sejam plenamente correspondido por pessoas normais. Farão com que eles estejam em posição de inferioridade em toda espécie de comunicação pública, com que se tornem céticos, desconfiados e irritadiços e, portanto, que tenham menos possibilidade de escolher amigos e companheiros entre as pessoas que lhe estão próximas.

Pode-se falar em “falta de associação por escolha”, e o resultado posterior disso é um número limitado de pessoas com as quais podem desenvolver potencialidades intelectuais. Tudo isso pode levar à resignação: o indivíduo pode perder a esperança de obter uma posição normal e um lugar na vida, ou tornar-se uma personalidade que aceita o seu papel de inferioridade imaginária.

A timidez, em termos psicológicos, é uma espécie de isolamento parcial que decorre da incapacidade de reagir de forma adequada a certas esferas da vida. É geralmente consequência de um choque físico na infância. Na maioria das vezes, esse choque ocorre no momento exato em que a criança deixa a esfera das relações da família e da vizinhança para penetrar no universo dos contatos secundários. Uma espécie de trauma, uma lesão física, decorre desse passo, podendo resultar num desequilíbrio crônico de personalidade (…)


1º ANO - CONCEITOS BÁSICOS (PARTE I)

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CONCEITOS BÁSICOS PARA A COMPREENSÃO DA VIDA SOCIAL
Pérsio Santos de Oliveira


  • SOCIABILIDADE E SOCIALIZAÇÃO: reflita sobre este pensamento de Aristóteles (384-322 a.C): “O homem é por natureza um animal social”. O que isso quer dizer? A vida em grupo é uma exigência da natureza humana. O homem necessita de seus semelhantes para sobreviver, perpetuar a espécie e também para se realizar plenamente como pessoa.
A sociabilidade – capacidade natural da espécie humana para viver em sociedade – desenvolve-se pelo processo de socialização. Pela socialização o individuo se integra ao grupo em que nasceu, assimilando o conjunto de hábitos e costumes característicos daquele grupo.
Participando da vida em sociedade, aprendendo suas normas, seus valores e costumes, o indivíduo está se socializando. Quanto mais adequada a socialização do indivíduo, mais sociável ele poderá se tornar.

  • CONTATOS SOCIAIS: ao dar uma aula, o professor entra em contato com seus alunos. O cliente e o vendedor de uma loja estabelecem contato na hora da venda de uma mercadoria. Duas pessoas conversando também estabelecem um contato social. A convivência humana pressupõe uma verdadeira de formas de contatos sociais. Você mesmo pode relacionar diversas formas, a começar pela maneira como adquiriu este livro ou pelas relações ou contatos sociais que manteve para chegar até esta etapa de sua educação formal.

O contato social é à base da vida social. É o primeiro passo para que ocorra qualquer associação humana.

-TIPOS DE CONTATOS SOCIAIS: podemos considerar que existem dois tipos de contatos sociais: primários e secundários.
Contatos Sociais Primários. São os contatos pessoais, diretos e que têm uma forte base emocional, pois as pessoas envolvidas compartilham suas experiências individuais. São exemplos característicos de contatos sociais primários: os familiares( que ocorrem entre pais e filhos, entre irmãos, entre marido e mulher); os de vizinhança ( entre amigos, grupos de brincadeira e lazer); as relações sociais na escola, no clube, etc. Assim, as primeiras experiências do indivíduo se fazem com base em contatos sociais primários.
Contatos sociais secundários. São os contatos impessoais, calculados, formais. Trata-se mais de um meio para atingir determinado fim. Dois exemplos: o contato do passageiro com o cobrador do ônibus, apenas para pagar a passagem; o contato do cliente com o caixa do banco, para descontar um cheque. São também considerados contatos secundários os contatos mantidos através de carta, telefone, telegrama, e-mail,etc.

PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS: é importante destacar que as pessoas que têm uma vida baseada mais em contatos primários desenvolvem uma personalidade diferente daquelas que têm uma vida com predominância de contatos secundários. Um lavrador, por exemplo, apresenta uma personalidade bastante diversa da de um executivo.
Com a industrialização e a conseqüente urbanização diminuíram os grupos de contatos primários, pois a cidade é a área em que há mais grupos nos quais predominam os contatos secundários.
As relações humanas nas grandes cidades podem ser mais fragmentadas e impessoais, caracterizando uma tendência aos contatos sociais secundários e ao individualismo, pois aproximadamente física não significa necessariamente proximidade afetiva. A vida nas metrópoles, por exemplo, facilita os conflitos. Um exemplo de individualismo cultivado nas grandes cidades são as brigas no transito, cada vez mais freqüentes, muitas com desfecho violento.

  • Convívio social, isolamento e atitudes: a História demonstra que o convívio social foi e continua a ser decisivo para o desenvolvimento da humanidade. As descobertas feitas por um grupo, quando comunicadas ás outras pessoas, tornam-se estimulo e ponto de partida para aperfeiçoamentos e novas descobertas. Transmitidas de geração a geração, esses conhecimentos compartilhados não perdem com a morte de seus descobridores. No convívio social, o compartilhamento entre indivíduos se dá pelos contatos sociais.

A ausência de contatos sociais caracteriza o isolamento social. Existem mecanismos que reforçam o isolamento social. Entre eles estão as atitudes de ordem social e as atitudes de ordem individual.
As atitudes de ordem social envolvem os vários tipos de preconceitos (de cor, de religião, de sexo, etc.). Um exemplo histórico de preconceito é o anti-semitismo, voltado contra os judeus. Tal atitude foi especialmente violenta durante a Idade Média e também entre os anos de 1933 e 1945, nos países dominados pela ideologia nazista. A África do Sul é outro exemplo de país onde por várias décadas imperou uma legislação que afastava do convívio social com os brancos a maior parte da população: era o apartheid, que minoria branca impunha á maioria negra, relegando seus membros á condição de cidadãos inferiores.
Uma atitude de ordem individual que reforça o isolamento social é a timidez. O sociólogo Karl Mannheim considera que a timidez, o preconceito e a desconfiança podem levar o indivíduo a um isolamento parcial semelhante ao ocasionado de modo geral pelas deficiências físicas, quando os portadores são segregados dentro de seu próprio grupo primário.

  • Quebrando as regras: O ser humano se guia pela inteligência. Sobre a necessidade de vida gregária (em grupo), edificamos o convívio social.
As formas de convívio social são diversificadas, pois cada cultura, cada povo, tem suas regras particulares de convivência humana.
As condições de convivência podem se modificar de acordo com certas transformações que ocorrem nas sociedades. Por exemplo, a situação da mulher de maneira geral foi se modificando rapidamente ao longo das últimas décadas do século XX. Quem imaginaria, nos anos de 1920, a mulher brasileira votando. Pois as brasileiras obtiveram direito de voto apenas em 1933. Difícil também imaginar, há cinqüenta anos, mulheres ocupando cargos executivos em grandes empresas ou trabalhando em fábricas de montagem lado a lado com os homens, ou dirigindo a economia e a política de uma grande nação, como foi o caso de Margareth Thatcher, na Inglaterra, nos anos de 1979 a 1990. No Brasil, temos inúmeros exemplos de destaques femininos, tanto na política como em outras diversas atividades sociais. É cada vez mais comum mulheres ocupando cargos executivos ou dirigindo a economia e a política.